Nascida em Taubaté, em 8 de março de 1929, mudou-se para a capital paulista aos 6 anos. Com os pais e os seis irmãos, foi morar num porão na Rua São Joaquim, na Liberdade. "Olhava pela janela e via os pés das pessoas", lembra ela. A família às vezes comia apenas arroz nas refeições.
Hebe cursou somente até o 4º ano primário e um de seus primeiros empregos foi de arrumadeira, na casa de uma parente rica. depois participou de programas de calouros em emissoras de rádio para ajudar a sustentar a família. Trabalhou como crooner em boates e gravou o primeiro disco. E depois chegou a TV onde passou a ser conhecida, amada e odiada.
Alguns de seus nove mascotes dormem na sua suíte, numa casa no Morumbi, em São Paulo.
Em uma dessas entrevistas, falou com Luisa Mell, que era apresentadora do antigo programa Late Show, e disse que sempre gostou de animais. “Desde pequena eu sempre tive cachorro.” Só não teve depois de casada, porque o marido dela, Lélio Ravagnani, não gostava. “Depois que ele morreu, me mudei e virou uma cachorrada”, brincou.
Hebe mostrou os animais que tinha, principalmente dois cães sem raça definida. Cada um com uma história emocionante. O primeiro, o Precioso, foi adotado depois de conseguir entrar escondido na sua residência. “Ele que escolheu a casa, ele que se adotou.” O cão apareceu muito abatido e desnutrido, talvez não sobrevivesse se não fosse acolhido por quem reconhece o valor da vida e cuidasse bem dele. Meses depois, já parecia ser outro cachorro. “Sou vira-lata, mas sou feliz. Mais vira-lata é quem me diz”, disse a apresentadora, brincando com o Precioso.
A história de Atrium Camargo também é de luta pela sobrevivência. Em janeiro de 2002, o vira-lata foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros, no Córrego Mandaqui, na Zona Norte de São Paulo. O resgate virou notícia, divulgada pelo Jornal da Tarde, assim como o fato de ninguém manifestar interesse pelo cão. Ele poderia ter sido sacrificado em uma das salas frias do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), já que esse era o procedimento antes da recente lei que proíbe matar animais saudáveis na Capital, mas foi salvo pela diva.
Ao ler sobre o bichinho, Hebe resolveu adotá-lo e lhe deu o nome de Atrium.
Mesmo em férias na Praia de Tabatinga, Hebe leu a reportagem do JT e ligou para São Paulo pedindo que seu caseiro fosse buscar o animal. A sequência de fotos do resgate do cachorrinho feita pelos bombeiros sensibilizou a apresentadora.
“Quando li a reportagem fiquei apaixonada e pensei: é inadmissível salvá-lo para depois ele morrer. Aquela fofura me encantou. Mesmo longe, eu não parava de pensar se ele estava bem alimentado e tratado com cuidado.
Eu sei que ele é grato. Sabe que foi salvo e nos ama.”
A diva da TV brasileira também lutava em defesa dos bichos, do seu jeito: manifestando o amor e a alegria de viver entre amigos, humanos ou não. A apresentadora abriu as portas da sua casa àqueles que acreditava precisar do seu apoio e carinho. E demonstrava isso em entrevistas concedidas em sua mansão no Morumbi, onde muitas vezes fazia questão de mostrar seus animais.
Foto de Lionel Falcon
Em agosto do ano passado, Hebe surpreendeu mais uma vez. Ela recebeu Boris Casoy em casa e lá gravou entrevista para o programa para a RedeTV!. Apresentou-lhe então sua galinha de estimação, a Guigui. “Nossa, Hebe, olhando essa galinha me dá uma tremenda fome”, disse Casoy. Hebe retrucou prontamente: “Nãããoooo! Sabe que eu não como nem um ovinho dela?!”.
Durante a maior parte de sua carreira, recebeu duras e merecidas críticas, devido ao antiquíssimo mau-hábito, em usar peles de animais. Depois de receber milhões de e-mails e ver os vídeos onde as peles são arrancadas ainda com os animais vivos, Hebe Camargo passou somente a usar peles fake.
“O amor do animal é um negócio tão emocionante. Eles não sabem falar, mas sabem manifestar.”
Hebe Camargo (1929-2012).