A cachorra que acompanhava velórios e seguia os enterros em Avaré, no sudoeste paulista, ganhou uma homenagem dos moradores da cidade, dois meses após sua morte. Em 06/07/13, em frente ao cemitério da cidade, foi inaugurada uma estátua da cachorra conhecida como ‘Branquinha’. Pelo menos 50 pessoas acompanharam a inauguração.
Todos da cidade gostavam muito dela. Os funcionários do cemitério se encarregavam de alimentá-la e davam roupas nos dias frios.
“Ela era muito dócil e amada por todos. Com certeza vai fazer muita falta”, explica Alexandre Passos, farmacêutico da cidade.
A autora da iniciativa, Castorina Rodrigues, presidente da Casa de Artesanato de Avaré, disse que o objetivo é lembrar um animal estimado por toda cidade. “A Branquinha era muito querida por todos e sua morte causou comoção. Ela merece ser lembrada.” A estátua, em tamanho natural, foi confeccionada pelo escultor Florisval Tegani.
No pedestal, foi fixada uma placa com os dizeres: “Sou Branca, branquinha de alma e coração. Por muitas vezes acompanhei suas aflições. Hoje estou com os anjos em oração e para ser guardiã de todos que por aqui se encontrarão”.
A administração do cemitério não soube explicar onde Branquinha foi enterrada.
A cachorra apareceu no portão do cemitério com vários ferimentos há oito anos e foi adotada pelos coveiros. Quando saíam os cortejos para sepultamento, ela ia à frente e permanecia ao lado do túmulo até o fechamento da sepultura. Ela teve câncer e, apesar de bem cuidada, morreu no dia 2 de maio.
A História
Ela acompanha todos os funerais de Avaré, interior de São Paulo, ajuda os funcionários das funerárias, se preocupa com a segurança dos túmulos e ainda presta, à sua maneira, solidariedade às famílias. A descrição não é de uma pessoa e sim de uma cachorrinha. A Branquinha é uma típica vira-lata, mas que segue cortejos fúnebres.
Durante boa parte do dia, ela fica tranquila, sempre embaixo de alguma sombra. Mas quando um dos funcionários pega o carrinho que busca os caixões do velório municipal para o cemitério, ela desperta.
Primeiro, vira uma espécie de guarda de trânsito, correndo atrás dos carros que passam pela avenida em frente ao cemitério. Quando chega a hora do cortejo, ela logo toma a dianteira e acompanha a caminhada até o túmulo.
Sem descanso
A atitude da cachorra é a mesma todos os dias do ano, sem descansar nem aos fins de semana ou nos feriados. “Se tiver cinco ou seis enterros no dia, ela segue todos. Quando eu chego ao cruzamento das ruas, ela espera pra ver se eu viro ou se eu vou reto. E na volta ela vem junto”, diz Fernando Vona, funcionário de uma funerária.
Pelas contas de quem trabalha no local, a Branquinha está no cemitério há uns cinco anos. Mas o que ninguém consegue entender é o porquê dela ter uma atitude tão curiosa como essa.
Carlos Antônio Dias, dono de outra funerária, se surpreende: “Não tem uma explicação de como essa cachorra consegue acompanhar todos os enterros. Ela participa do velório e também do sepultamento”.
Sempre ao seu lado?
Será que a história dela é parecida com a do Akita Hachi, o cão japonês que esperou pelo dono na estação de trem mesmo depois que ele faleceu? Essa história foi mostrada no filme “Sempre ao seu Lado”.
O coveiro João Caetano dos Reis acha que sim, já que ela não sai de perto de um dos túmulos do local. “Eu não sei se ela tem alguma pessoa que tomava conta dela e morreu. Tem um túmulo que ninguém pode mexer, porque ela já vai atrás.”
Com esse comportamento pra lá de curioso, a Branquinha se tornou mais do que uma companheira. “É o xodó do cemitério”, diz Carlos Antônio. Já o coveiro vai além na declaração de amor: “Ela é a relíquia, a mesma coisa de minha filha. Eu gosto muito dessa cachorra, ela ficou no nosso coração”.
Como passa o tempo
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