Vira e mexe vejo postagens de pessoas querendo indicações de como ensinar seu felino a usar corretamente o banheiro na hora da necessidade. Uns se recusam a usar a caixa (e não tiro a razão dos gatos; umas são ou muito pequenas ou muito altas), outros não cobrem o coco, outros espalham areia pela casa toda..
Na infância tive gatos, mas há 50 anos atrás acho que eles usavam o jardim como banheiro.
Apesar de pescar-resgatar um número considerável de gatos dos telhados nos últimos anos (sim eu pescava, pois eu estava no 2o. andar e eles andavam pelos telhados do quarteirão), não tinha como ficar com eles no apto por conta dos meus outros animais, e eles eram encaminhados a protetores parceiros que cuidavam deles até sua adoção.
Foi dessa forma que adotei minha primeira gata, a Gaya – sua mãe apareceu no telhado amamentando-a. Gaya caiu e sua mãe aproveitou para sumir no mundo. Isso ocorreu em Janeiro de 2012, época difícil onde não consegui nenhum lar temporário para hospedá-la, e ela foi ficando, ficando, e se tornou minha preta da sorte.
A noite em que Gaya chegou ao apto, eu só tinha tapetes higiênicos e neles algumas kakinhas das minhas outras crianças, que devem ter inspirado a Gaya a fazer suas necessidades lá mesmo. A diferença é que ela enrolava o tapete higiênico – só faltava jogar no lixo.
Para tentar fazer com que o tapete higiênico durasse um pouco mais, fiz tirinhas de jornal que deixei sobre o tapete para que ela pudesse embrulhar sua kakinha, e deu certo.
No dia seguinte comprei a bandeja sanitária de gatos e a areia higiênica, e a Gaya se recusava a usar esse banheiro, indo de volta para o tapete higiênico.
Um mês se passou e resgatei uma nova gatinha tigrada a Nina – minúscula e assustadissíma com seres humanos, e também sem ninguém que pudesse dar lar temporário, ficou – mas não gostou nenhum pouco do tapete higienico com tirinhas de jornal, e ressuscitei a bandeja e areia para que pudesse fazer suas necessidades.
Com o tempo aprendi que o problema era a tal bandeja sanitária – umas muito pequenas, outras muito altas – e desisti delas e passei a usar uma caixa plástica que eu tinha (vendida como se fosse para fazer massas) que parece ter sido feita especialmente para as necessidades felinas – as gatas adoraram; altura e tamanho da caixa plástica perfeitos. E dentro da caixa plástica, um fundo de jornal, areia sanitária por cima e algumas tirinhas de jornal, para satisfazer as duas gatas.
É claro que penei antes de achar a areia sanitária ideal para as minhas gatas; são tantas marcas, e nelas as promessas de eliminar odor, de eliminar bactérias, com perfume, com isso e aquilo, e também de esvaziar meus bolsos. O fato é que notei, que o tamanho do floco da areia influencia o gato a querer usar ou querer brincar na areia, e porque será?
Esse costume vem de muito tempo atrás... Os ancestrais dos gatos, que viviam na floresta, enterravam suas necessidades por questão de sobrevivência. Não deixar “rastros” era uma grande vantagem, pois um predador poderia descobri-lo pelo cheiro das fezes e o gato se tornaria um alvo fácil. Também era possível acontecer o contrário: o odor dos excrementos poderia afugentar uma presa e atrapalhar a caçada do felino. Os gatos também faziam isso por higiene: enterrar as necessidades era a melhor maneira de evitar a contaminação de um outro membro do grupo, caso o bichano que defecou estivesse doente.
Os estudiosos do comportamento animal ainda não possuem uma explicação científica e definitiva para este comportamento. E é assim que o comportamento de enterrar fezes é explicado pela sua herança genética => PORTANTO, o correto para mim, seria achar uma areia sanitária mais parecida em tamanho e consistência com terra, e achei isso nas areias mais baratinhas do mercado…
E com o tempo também aderi a uma dica que vi na net de misturar a areia (uso a Pipicat Classic ou Putz) com farinha de mandioca, que faz a kakinha virar um croquete, e os torrões de xixi ficam bem durinhos, além de aumentar o rendimento da areia, diminui os odores. Fica bem mais fácil de retirar só as necessidades com a pázinha, e ajuda na economia do bolso.
Como trabalho, limpo a caixa de manhã e a noite, - e não – não coloco 3 dedos de areia como mandam por aí, com o tempo aprendi qual a quantidade que minhas gatas necessitam para enterrar, urinar e eu dispensar para lavar uma vez por dia, todo dia.
Mas a idéia de fazer uma caixa sanitária fechada veio por culpa da Nikita, a cachorra que adotei ano passado do Marcelinho Protetor que a resgatou na favela comendo migalhas de pão depois de mudar para um novo lar. Nikita era menor que as minhas gatas, e mesmo comendo ração com fígado 3 vezes ao dia para se fortalecer, comia o cocô das gatas… Isso se chama coprofagia, e é uma condição que leva o cão a comer fezes. É um hábito difícil de quebrar porque constitui em si uma recompensa, ou seja, o cão retira prazer da ingestão das fezes. As causas e as consequências da coprofagia podem ser mais ou menos preocupantes conforme as condições em que o cão é mantido e que fezes escolhe ingerir.
Nikita não ingeria sua fezes, só as das gatas, e as fezes de gato podem parecer um petisco, mas presente nas fezes dos gatos está o perigoso Toxoplasma gondii, responsável pela toxoplasmose.
Tentei de tudo, bronca, remedio, e por final fui comprar uma caixa sanitária fechada, e quase infartei ao ver o preço desses banheiros felinos…
Comprei então a maior caixa plástica com tampa que achei (numa loja de plásticos), e virei de ponta-cabeça, e cortei com a faca quente (esquente a faca no fogo do fogão). Essa caixona virou a carrapaça da minha caixa sanitária.
Feita a carrapaça, você pode enfeitar, pintar ou até fazer uma capa para decorar o banheiro.
Hoje tenho 3 felinos, a Gaya, a Nina e o Tutu, e estou cuidando de mais 2 bebezinhos resgatados pelo filho há uns dias, e já deixei um ‘banheiro’ a disposição dos gatitos – banheiro feito de tapete higiênico com tirinhas de papel higiênico e jornal, e eles estão se saindo muito bem, e eu também.
Espero que todos os humanos que tenham dificuldades com seus bichanos e os banheiros que vocês proporcionaram, tenham em mente, que quem usa o banheiro que é o gato, deve se sentir confortável nele, e você que vai limpar deve concordar com isso, para evitar ter mais sujeira do que o necessário.
Vou aproveitar para deixar aqui a minha idéia para bebedouros e comedouros para animais de rua, com caixas tipo tetra pak, a imagem dispensa explicações…
E tem também o álbum com muitas outras coisitas