Em recente passagem pelo Brasil, Paul McCartney lotou estádios, empolgou o público e deu um show de simpatia. Mais importante do que isso, o ex-Beatle fez questão de incluir uma equipe exclusivamente para divulgar a campanha que ele próprio lançou no Reino Unido: a Segunda Sem Carne.
Paul McCartney lançou a "Meat Free Monday" (Segunda Sem Carne) em 2008. O movimento Meatless Monday surgiu nos Estados Unidos em 2003, e tem o objetivo de incentivar as pessoas a consumir menos carne. Um dia por semana sem comer carne pode também ajudar a combater o aquecimento global, além de poupar o sofrimento de milhares de animais que são abatidos para consumo.
Durante as apresentações do cantor, a SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira, responsável pela campanha no Brasil, teve acesso irrestrito aos locais de apresentação. Os voluntários puderam distribuir material informativo da campanha, explicar sobre como ela funciona e ainda distribuir brindes especiais para o público.
Segundo um estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), as emissões de gases de efeito-estufa – como o dióxido de carbono, o metano e o óxido de nitrato –associadas à cadeia de produção da carne representam um quinto das emissões totais mundiais. Cerca de 18% das emissões provêm do desmatamento para a criação de pastagens, do transporte da carne, do processamento industrial do alimento e do sistema digestivo dos bovinos. “Calcula-se que o gado emita 80 milhões de toneladas de gás metano (por gases e fezes) por ano. Este gás, por sua vez, tem potencial térmico 21 vezes maior do que o gás carbônico”, explica o professor do Mestrado de Gestão Ambiental da Universidade Positivo Maurício Dziedzic.
O impacto de uma ação como essa parece insignificante, mas, se todos os habitantes dos países ricos adotassem a medida, a diferença seria bastante significativa. De acordo com o escritor norte-americano Michael Pollan, autor de O Dilema do Onívoro, a adoção de uma dieta vegetariana durante um dia da semana por toda a população dos Estados Unidos seria o equivalente a tirar 20 milhões de carros da estrada.
Em uma carta aos leitores do site GOOP, cita o Brasil e explica a campanha (tradução da carta de Paul no final da postagem).
O ápice foi o encontro promovido pela própria equipe do artista com a Prefeitura de São Paulo e a comissão da SVB. Em um encontro privado no show, Paul recebeu em seu camarim os representantes da SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira, e também recbeu uma homenagem da cidade de São Paulo, em agradecimento por seu apoio a Campanha, onde disse estar muito feliz com tudo que tem sido feito no Brasil. “Vocês estão fazendo um bom trabalho!”
Ao receber as pessoas em seu camarim Paul McCartney mostra que está empenhado em reduzir efetivamente o consumo de carne em todo o mundo e assim contribuir para a preservação do meio ambiente, da saúde das pessoas e da vida dos animais.
Leia a íntegra do texto do encontro entre Paul McCartney e a SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira, clicando aqui
E a tradução da carta de Paul MacCartney
“Olá, Goopsters! Olá, Gwyneth!
Ok, aqui vai a história da Segunda Sem Carne. Em 2006, as Nações Unidas emitiram um relatório que apontou a indústria de alimentos de origem animal como uma das grandes responsáveis pela emissão dos gases do efeito estufa, maior até do que o setor de transportes.
Achei isso interessante particularmente porque as pessoas das Nações Unidas não são vegetarianas e por isso, não poderiam ser acusados de imparciais eles apontaram os seguintes fatos:
- A indústria de alimentos de origem animal produz gases extremamente perigosos para o futuro do meio-ambiente.
- Os dois principais desses gases, metano e nitróxido, são considerados mais letais do que o CO2 (metano é 21 vezes mais poderoso que o CO2 e o Nitróxido é 310 vezes!) então estes dados sugerem que isto está causando uma situação perigosíssima para nós e, mais importante, para as futuras gerações.
- O metano fica na atmosfera de9 a 15 anos, o Nitróxido fica por 114 anos, na média, e é 296 mais potente que o CO2 – os gases lançados hoje continuarão ativos na degradação do clima por décadas.
- A indústria de alimentos de origem animal destrói terras: um relatório recente do Greenpeace realizado no maior estado produtor de carne do Brasil descobriu que a produção era responsável por muito mais devastação do que a soja.
- Um terço dos cereais produzidos, e quase 90% da soja, vai para o alimento de animais, não para a comida dos humanos. Comer menos carne vai liberar muitas terras usadas para agropecuária, o que pode ser revertido no crescimento de árvores, que por sua vez, irão absorver dióxido de carbono da atmosfera.
- A indústria de alimentos de origem animal destrói a água: é responsável por 8% do uso de água da humanidade. A estimativa é de 634 galões de água potável para produzir 150 gramas de bife. É o mesmo que quatro horas de chuveiro ligado. Para comparação, a mesma quantidade de tofu precisa de somente 143 galões para ser produzida.
- A indústria de alimentos de origem animal é uma das maiores causas da poluição da água, principalmente pelos restos animais, antibióticos, hormônios, químicos, fertilizantes e pesticidas usados nos pastos.
- A indústria da carne deve dobrar sua produção até 2050 então mesmo que diminuam suas emissões em até 50% como prometeram, ainda estaremos na mesma.
Com isso em mente, minha família e eu lançamos a Segunda Sem Carne no Reino-Unido, uma ideia que ganhou o apoio de pessoas como Tom Parker-Bowles, que depois de uma vida inteira denegrindo os vegetarianos, escreveu recentemente em sua coluna no jornal Daily Mail apoiando a causa. Outro apoiador é Al Gore que declarou que iniciativas como a Segunda Sem carne “representam um componente responsável e bem-vindo de uma estratégia abrangente para reduzir o aquecimento global e simultaneamente aumentar a saúde da população.”
Até mesmo algumas escolas já estão fazendo isso no Reino-Unido com algum sucesso. A cidade de Ghent na Bélgica tem a ‘Segunda Sem Carne’ e, surpreendemente, São Paulo também, embora o Brasil seja um grande exportador de carne. Na Suécia, o governo agora está rotulando as comida para dar aos consumidores a oportunidade de entender os perigos do consumo indiscriminado de comida e há muitos outros exemplo aparecendo online.
O ponto: muita pessoas estão procurando maneiras de “fazer sua pequena parte” pelo meio-ambiente. Nós reciclamos – algo que jamais teríamos sonhado no passado. Muitas pessoas dirigem em carros híbridos e a maioria das pessoas está percebendo que não podemos deixar essa questão importante para os políticos do mundo. Recentemente, na Conferência do Clima em Copenhagen, esse item nem estava na agenda e então eu acredito novamente que foi deixado para nós, o povo, fazer sua parte.
É incrivelmente fácil tirar um dia da semana, Segunda ou qualquer outro dia, para não comer carne. Quando você pensa nisso, há tantas alternativas, como por exemplo, a comida italiana, tantos pratos que são vegetarianos como os tailandeses e chineses. Só significa que você tem que pensar um pouco sobre o que você comerá naquele dia mas, na verdade, longe de ser um problema, é um desafio divertido.
Tendo sido vegetariano por mais de 30 anos, eu acho muito simples e fácil, gostoso e apreciável.
Então é isso! Na próxima segunda não coma carne e faça sua pequena parte para salvar esse nosso lindo planeta. Para mais informações, ideias e dezenas de receitas sem carne visite o site oficial da Segunda Sem Carne.
Obrigado, Goopsters! Obrigado, Gwyneth!
Rock para todos!
Paul”