Depois de ter salvo a mulher, duas filhas, oito gatos e quatro cachorros, José Carlos deparou com a dificuldade do vizinho, o mecânico Leonel de Borba, 30 anos:
— Vi o vizinho saindo com o cachorro. Ele é bem grande e o vizinho, baixinho. A água estava alta. Vi que ele estava com dificuldade de se locomover e o bicho, nervoso. Não teve nenhum herói nesta história. Foram sobreviventes, mas isso não quer dizer que a vida de todo mundo ficou fácil.
Pelo contrário. Chorão, o cão de cinco meses, a mulher e os dois carros foram as únicas coisas que sobraram na casa de Borba toda mobiliada há oito meses na Rua Brasília, na Vila Osório, quando saiu de Porto Alegre e foi morar na Região Metropolitana. Fotos, documentos, livros, certificados de cursos e ferramentas novas compradas para a oficina recém-aberta foram danificados.
Ele lembra que antes das 7h, a água começou. Passava das 9h30min quando o cachorro foi resgatado.
— Eu tentei colocar o Chorão em um cavalete nos fundos, mas ele é muito sapeca, queria se jogar na água. Ia morrer. A correnteza estava forte. Aí, tentava nadar com ele, mas tinha lugares que não dava pé.
As chuvas da última semana deixaram mais de 15 mil pessoas desabrigadas em diversas cidades do Estado. A situação de moradores que tiveram suas casas invadidas pela água em Esteio, Cachoeirinha, Gravataí, Novo Hamburgo e Porto Alegre.
Muitos tiveram tempo apenas de sair com aquilo que conseguiram carregar de mais importante.
Fontes: Zero Hora, Diário da Foto
Fotos: Lívia Stumpf, Marcelo Oliveira e Mateus Bruxel, Ronaldo Bernardi, Agência RBS