3 de nov. de 2015
A triste história de Laika o primeiro ser vivo lançado ao espaço
A cachorrinha Laika era uma andarilha, foi capturada nas ruas de Moscou pelas autoridades soviéticas e promovida a cosmonauta. Dos 38 cães de porte pequeno capturados , Laika foi escolhida por seu temperamento calmo, sua obediencia e por sua inteligência durante o treinamento.
De todos os outros cães que também foram capturados, somente três foram escolhidos para passar por treinamentos mais intensos e estressantes de resistência a vibrações (simulador de voo), acelerações, cargas G em máquinas centrífugas, altos ruídos e permanência em compartimentos cada vez menores; Albina, Laika e Mukha. Elas foram colocadas em ambientes fechados e apertados por períodos de 15 a 20 dias. Os soviéticos tiveram bastante trabalho para adaptar o grupo de cães à apertada cabine do foguete.
A escolha de fêmeas se deu, entre outros fatores, pelo fato de que, ao contrário dos machos, elas não tinham a necessidade de ficar em pé e erguer uma perna para urinar, o que era impossível de ser realizado na pequena cabine pressurizada destinada ao cão dentro da nave. Dentre as três, Laika foi escolhida por sua personalidade tranquila e paciente.
Laika, recebia comidas em forma gelatinosa e foi acorrentada para que não se mexesse durante o lançamento. Havia um sistema de sucção de gás carbônico a bordo, com o objetivo de evitar o acúmulo do gás - assim como um gerador de oxigênio. Um ventilador era automaticamente acionado para deixar a cadela mais confortável.
Moscou afirmava ao mundo que em poucos dias Laika retornaria numa cápsula espacial ou em um para-quedas. Mas apesar do que era divulgado, Moscou sabia, desde o início, que Laika não retornaria com vida de sua missão, pois o Sputnik 2 não possuía tecnologia para regressar à Terra.
Era uma viagem só de ida. Laika. A cadela russa sofreu com o seu pioneirismo.
Fixada ao chão da nave com uma espécie de cadeira que a impedia de se movimentar e equipada com um recipiente para armazenar seus excrementos, Laika começa a uivar apavoradamente devido ao barulho ensurdecedor e às vibrações do lançamento. Seu ritmo cardíaco dispara e chega a três vezes acima do normal. As autoridades soviéticas contaram na época que Laika morreu sem sofrer nenhum trauma, cerca de uma semana após o lançamento do foguete.
Mas informações divulgadas recentemente garantem que a cadela morreu de calor e pânico, apenas algumas horas depois do início da missão. As novas evidências foram reveladas no recente Congresso Mundial Espacial, que aconteceu nos Estados Unidos, por Dimitri Malashenkov, do Instituto para Problemas Biológicos de Moscou.Sensores médicos inseridos no corpo de Laika mostraram que os seus batimentos cardíacos chegaram ao triplo do normal. A temperatura e a umidade da cápsula do Sputnik aumentaram muito após o lançamento do foguete.
Submetida a um cenário de pânico, um calor extremo e desespero, Laika finalmente morreu, entre cinco e sete horas depois do lançamento. A causa de sua morte, que só foi revelada décadas depois do voo, foi, provavelmente, uma combinação de estresse sofrido e o superaquecimento.
Depois de algumas horas do lançamento, os soviéticos não receberam mais nenhum sinal de vida de Laika. Todos os outros 36 cães que os soviéticos enviaram ao espaço – tinham as mesmas caracteristicas que Laika.
O Sputnik 2 deu 2.570 voltas ao redor da Terra, carregando os restos mortais de Laika, até consumir-se na atmosfera no dia 14 de abril de 1958.
A deliberada morte de Laika, que foi o primeiro animal enviado ao espaço sem esperanças de ser recuperado desencadeou protestos e um debate mundial na época sobre o maltrato aos animais, e os avanços científicos à custa de testes com animais. Vários grupos protetores dos direitos animais protestaram em frente das embaixadas soviéticas.
Somente em 1988, após o colapso do regime soviético, que Oleg Gazenko, um dos cientistas responsáveis por mandar Laika ao espaço, expressou remorso por permitir a morte dela: "Quanto mais tempo passa, mais lamento o sucedido. Não deveríamos ter feito isso.... nem sequer aprendemos o suficiente desta missão, para justificar a perda do animal"..
O Dr. Vladimir Yazdovsky, um médico que trabalhou com cães espaciais da Rússia, descreveu Laika como "tranquila e encantadora." Ele a levou para casa para brincar com seus filhos na noite anterior, que ela foi colocada na cápsula.
"Eu queria fazer algo de bom para ela: ela tinha tão pouco tempo de vida."
28 de jan. de 2015
Embriões de Peixe são Alternativas ao Uso de Animais em Pesquisas
Atualmente, o uso do modelo animal em pesquisas está sob debate ético apesar de ser amplamente utilizado para a avaliação de toxicidade de compostos. As estratégias de melhoria na condução ética da experimentação animal passam pelo uso da legislação e de diretrizes.
O panorama internacional e a Diretriz Brasileira de Prática para o Cuidado e Utilização de Animais para fins Científicos e Didáticos (DBCA) de 2013 fomentam e privilegiam o princípio dos 3Rs: Reduction ou Redução, que reflete a obtenção de nível equiparável de informação com o uso de menos animais; Refinement ou Refinamento, que promove o alívio ou a minimização da dor, sofrimento ou estresse do animal e Replacement ou Substituição, que estabelece que um determinado objetivo seja alcançado sem o uso de animais vertebrados vivos.
Dentro desse princípio, pesquisadores e técnicos do Laboratório de Ecotoxicologia e Biossegurança (LEB) da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) realizaram ensaios com embriões do peixe "zebrafish" (Danio rerio), também conhecido como paulistinha.Cada vez mais usado em pesquisas de neurociências e farmacologia, o uso deste peixe é uma abordagem promissora na ecotoxicologia, cujos resultados apresentam forte correlação com testes de toxicidade aguda com peixes adultos.
Por sua vez, os embriões de paulistinha permitem a análise de vários pontos de estudo que vão desde a determinação da toxicidade aguda até ensaios de desenvolvimento para análise genética e fisiológica funcional complexa. Nativo da Ásia, é um modelo biológico intermediário entre o cultivo celular e os roedores.
O teste com embriões é considerado como método alternativo ao uso de animais de acordo com a diretriz da União Europeia (Directive animal welfare 2010/63/EU). De acordo com esta diretriz, relativa à proteção dos animais utilizados para fins científicos; as fases de vida iniciais dos animais não são definidas como protegidas.
Portanto, não se enquadram na legislação que trata com a experimentação animal. A alimentação de forma independente é considerada como o estágio a partir do qual as larvas de vida livre são objeto de regulamentação para a experimentação animal.
As larvas de paulistinha apresentam alimentação ativa/independente após 120h da fertilização.
No mundo inteiro, o paulistinha tornou-se um bom modelo de pesquisa biomédica e ecotoxicológica. Recebe cada vez mais atenção, uma vez que são considerados como método de substituição de experimentos com animais.
De acordo com matéria divulgada pela Revista Pesquisa Fapesp, de julho de 2013, em alguns testes, pode funcionar como uma alternativa ao uso de roedores. Em outros, pode oferecer informações complementares. Também pode ser usado para investigar os efeitos do estresse no sistema nervoso central e no comportamento.
Estudos internacionais consideram o paulistinha uma ferramenta promissora para a análise e seleção de compostos candidatos a medicamentos. Com esse peixe, espera-se acelerar e baratear o processo.
Seu ciclo de vida é rápido – em quatro dias (96h) vários dos seus órgãos estão formados – e as larvas, que nascem às centenas a cada postura, com poucos milímetros de comprimento, podem ser acomodadas em vários poços das placas teste.
Isto viabiliza o uso de pequenas quantidades dos compostos a serem testados e reduz o volume de resíduos gerados em um estudo.
No Brasil, o Danio rerio é uma das espécies recomendadas nos teste de avaliação da ecotoxicidade aguda e cronica para o registro de produtos, segundo o "Manual de Testes de Avaliação da Ecotoxicidade de Agentes Químicos" do Ibama.
Entretanto, o teste de avaliação da toxicidade embrio-larval não é descrito. Porém, alguns grupos no Brasil já desenvolvem pesquisas utilizando este teste. O desenvolvimento e implantação de metodologias alternativas é um processo complexo que abrange o desenvolvimento, a avaliação da relevância e a avaliação da confiabilidade até a aceitação e adoção por organizações regulatórias e comitês internacionais.
Espera-se que, com o maior uso deste modelo, o teste passe a integrar aqueles aceitos pelos órgãos regulamentadores a exemplo da recomendação de uso em substituição ao teste de toxicidade aguda recentemente publicada (julho/2014) pelo Centro Europeu para Validação de Métodos Alternativos (ECVAM).
O Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (Concea), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação é responsável por estabelecer normas para a experimentação animal e substituir animais para propósitos científicos e didáticos quando existirem recursos alternativos.
Neste contexto, o Concea poderá reconhecer o método alternativo validado e tomar decisões quanto à implementação de seu uso. A Capes foi a financiadora do estudo, juntamente com a Embrapa.
Fonte: Embrapa
Nota do blog: Os peixes são animais vertebrados, ou seja, com crânio presente!
As criaturas de aparência estranha na imagem acima, parecidas ursinhos de pelúcia com caudas - é realmente uma micrografia das larvas do peixe com dois dias de idade. A imagem foi capturada por Jurgen Berger e Mahendra Sonawane, ambos funcionários do Instituto Max Planck de Biologia do Desenvolvimento.
O peixe-zebra, ou Danio rerio, é um peixe tropical comum de água doce. Dentro de três meses, a larva se transforma em um adulto (os dois furos acima da boca na foto acima mostra não os seus olhos, mas um sistema olfativo em desenvolvimento). Durante a fase larval, o peixe-zebra tem a capacidade de regenerar barbatanas, pele, coração e cérebro. Saiba mais sobre este bicho fascinante em zebrafish.org
5 de nov. de 2014
Gato Brasileiro escapa de ser enviado ao espaço
Um gato batizado com o nome de Flamengo, era o escolhido para tripular a Sonda 360-BD, a ser lançada no foguete Félix.
O Félix foi um projeto do IME, então Escola Técnica do Exército (ETE), coordenado pelo então coronel Manuel dos Santos Lage, um dos pioneiros
dos foguetes no Brasil.
Reportagens em jornais americanos diziam que o Exército Brasileiro estava planejando lançar um foguete que poderia levar um gato. O plano era colocar o felino, dentro de uma câmara pressurizada com oxigênio, e com instrumentos de registro ligados a ele, seria alimentado de oxigênio durante o voo.
Consta nas reportagens que vários protestos foram feitos por defensores americanos de gatos, mas o relato era de que o lançamento do foguete ocorreria no ano novo de 1959. Diziam ainda que o gato Flamengo, já havia sido treinado e estava pronto para ser o primeiro animal espacial brasileiro.
As reportagens mencionam que o Coronel Lage teria tido, “Estamos usando o gato para testar as resistências de uma coisa viva em alta velocidade e em grande altitude. Instrumentos ligados ao Flamengo vão medir sua pulsação e estado geral.
“Flamengo pertence as minhas duas filhas, eu não iria expô-lo à morte. O gato vai voltar vivo!”
Félix era o nome do gato que conseguiu fugir do programa espacial francês. Em seu lugar Félicette, é que veio a se tornar a primeira gata enviada ao espaço.
Felizmente para o gato Flamengo, o projeto do Sonda 360 BD foi desmantelado, e o Coronel Lage foi transferido de setor.
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18 de out. de 2014
Félicette a primeira Gata lançada no Espaço
Gatos que viviam nas ruas de Paris foram “recrutados” para o programa espacial francês. O CERMA (Centre d'Etudes et de Recherches de Médecine Aérospatiale) efetuou uma série de experiências médico-biológicas de 1963 a 1967 utilizando gatos e ratos.
Os franceses foram os únicos a usar gatos. No início de 1960, o governo francês submeteram os gatos aos testes iniciais. Os gatos foram condicionados a viver em espaços pequenos e fechados - em outras palavras amarrados em caixas com apenas suas cabeças expostas. Eles tinham eletrodos implantados em seus cérebros para medir os impulsos neurais. Os gatos eram colocados dentro de roupas espaciais especiais que monitoravam os sinais vitais e foram subjugados a uma bateria de testes destinados a simular as condições de lançamento e reentrada.
Estes testes teriam incluído períodos bastante dolorosos em câmaras de compressão, centrífugas e lançadas por foguetes trenós. Dos originais dez gatos, alguns parecem muito abalados, enquanto outros, aparentemente ficaram muito obesos (sem dúvida de tédio devido ao confinamento), tornando-os impróprios para a missão.
Os eletrodos cirurgicamente implantados em seu cérebro transmitiriam os impulsos neurológicos durante o voo. Todos os lançamentos partiram de Hammaguir, na Argélia.
A França planejava lançar um gato malhado macho apelidado de Felix para o espaço em 18 de outubro de 1963.
Félix era aparentemente um gato de rua parisiense, embora o relatório oficial escrito dizia que os gatos foram comprados pelo Governo francês de um comerciante, que provavelmente os pegou em um abrigo de animais.
No dia do lançamento, Felix (fazendo jus ao seu nome, que significa "sorte") conseguiu escapar. Seu substituto foi uma gata em preto-e-branco Félicette.
Como os outros felinos recrutados, a gata Félicette (tradução Felicidade), teve o crânio aberto e eletrodos implantados para que sua atividade cerebral fosse registrada durante todo o voo espacial, lançada em 18 de Outubro de 1963, na base de foguetes no deserto do Saara Argelino. Ela então passou a ser o único felino que até hoje foi ao espaço em um voo sub-orbital.
Sua cápsula espacial separou-se do foguete e desceu de pára-quedas. Félicette retornou à Terra viva e foi recuperada em segurança. No entanto, o martírio de Félicette não foi reconhecido como deveria. Os selos comemorativos de sua façanha emitidos pelo Níger, Chade e Comores, têm em comum o mesmo erro: a imagem de Félix o gato que fugiu é a que é celebrada, e não a de Félicette! E também não se sabe o que aconteceu com Félicitte depois disso. Talvez os cientistas franceses tenham dado a ela o mesmo final que deram a Hector o primeiro rato enviado ao espaço.
Com o sucesso de Félicette, que regressou em segurança, os franceses decidiram por um novo voo com um outro gato, mas dessa vez o felino esgotou todas as suas vidas. Sem ter o nome registrado na história, o felino foi lançado em 24 de outubro do mesmo ano.
O foguete explodiu no ar e seu passageiro não sobreviveu.
Desde então, nenhuma outra nação tem enviado gatos no espaço. Com exceção dos rumores que o Brasil pretendia enviar o Gato Flamengo ao espaço.
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O Antes e o Depois do Resgate de Animais do Instituto Royal
O Resgate dos Beagles como ficou conhecido tornou-se um marco e um símbolo da Defesa dos Animais no Brasil.
Ocorrido na madrugada do dia 18 de Outubro de 2013 foi filmado, fotografado e noticiado pela imprensa nacional e internacional. Entretanto a grande maioria omitiu que as manifestações contra o Instituto Royal começaram muito antes, há anos, mas nunca houve o diálogo solicitado pelos ativistas, atendidos pelo Instituto Royal.
Em 2012 o evento ‘Comboio pela Vida’, já conclamava as pessoas a se reunirem no dia 19 de agosto no vão do Masp, para de lá seguir para São Roque. Centenas de pessoas atenderam ao chamado dos Ativistas e dos Protetores e seguiram em carreata até o Instituto Royal e de lá denunciavam a crueldade dos testes em animais. Alguns veículos de comunicação até chegaram a noticiar o fato, que na época não gerou comoção entre as autoridades ou a população.
Em 2013 o “Comboio pela Vida II’, novamente conclamou as pessoas para no dia 22 de Setembro, acompanhar a carreata”. E novamente centenas de pessoas se solidarizaram com o sofrimento dos animais e seguiram até o Instituto Royal, que recebeu as reinvindicações dos ativistas.
Com o passar dos dias, sem que nenhuma das reinvindicações fosse atendida, alguns ativistas resolveram se acorrentar aos portões do Instituto Royal, em pleno feriado do dia 12 de outubro de 2013.
A partir dessa data a ação começou a somar forças com a movimentação organizada pelas redes sociais. O site da empresa foi derrubado por grupos como os Black Blocs e o Anonymus, e o endereço do Royal (com mapa para chegar) e outras informações que eles tentavam esconder do público, foram divulgadas.
A INVASÃO
A invasão aconteceu porque os ativistas que permaneceram dia e noite a frente do portão, não estavam suportando ouvir os cães ganindo, chorando e latindo muito. Era insuportável ficar ali sem fazer nada, e a informação do que estava acontecendo foi sendo passada até chegar às redes sociais.
Por volta da 1h da madrugada do dia 18 de outubro de 2013, centenas de pessoas se dirigiam ao local e ouviam os lamentos dos animais. Foi quando gritos ecoaram “ENTRAMOS, ENTRAMOS”!
E todos começaram a entrar pelo buraco da cerca. Mas os canis tinham portas de alumínio e portões de ferro, que foram abertos pelos anjos mascarados. Os Black Blocs, os Anonymous e o grupo do ALF (Frente de Libertação Animal).
Assim que a primeira porta foi aberta, o cheiro que saiu de lá foi insuportável, um bafo fétido. Não era cheiro de canil, era um cheiro de coisa podre, um ar pesado. Algumas pessoas se afastaram, algumas vomitaram, enquanto outros organizaram uma corrente humana a fim de ser mais rápida a locomoção dos cães de dentro dos canis, algumas protetoras, alguns rapazes e os Black Blocs estourando as outras portas para que os protetores chegassem até os cães.
Ao adentrar os canis, qual não foi à surpresa de ver dezenas de beagles apinhados num espaço minúsculo coberto de urina e fezes. Muitos cães. Muitos.
Começamos a retirada, o plano foi: corrente humana até o topo da escada, e lá no alto as pessoas tinham que correr com os cães por uns 400 metros até chegar aos carros pra colocar os beagles em segurança. Cães assustados, paralisados de medo sendo carregados numa corrente humana até o alto da escada.
Muitos cães com mutilações e feridas abertas, alguns bem inchados com cortes que sangravam. Outros com lacerações nos olhos e mucosas, alguns com muita dificuldade de locomoção, muitas fêmeas prenhas com escaras nas costas. O manejo dos cães teve que ser cuidadoso apesar de rápido, porque muitos cães choravam de dor e a maioria defecava, vomitava e urinava de puro medo. O pelo deles também se desprendia com facilidade da pele ferida. Tufos de pelo caíam pelo chão já coberto de fezes. Alguns cães eram muito pesados ou estavam muito machucados e erguê-los pra passar por cima de um dos muros do canil era muito complicado, e esse trabalho foi quase todo feito por homens, muitos deles encapuzados.
Os mascarados, uns com máscaras, outros com capuzes ou lenços, saíam dos canis como todos os outros: cobertos de fezes e urina dos beagles, algumas pessoas com alguns hematomas e outros com algumas mordidas.
Os maus tratos eram evidentes. Visíveis. A impressão era a de que todos aqueles cães já tinham sido usados em experimentos e, depois de usados, foram descartados numa espécie de depósito de cães.
Além dos beagles, foram resgatados coelhos, e alguns poucos ratos. Informações anônimas de pessoas que se diziam funcionárias davam conta de que os ratos e vários cães já tinham sido mortos a sangue frio e colocados num porão.
Em 11 de novembro de 2013, o site Contas Abertas divulgou que o valor de R$ 5,2 milhões, repassados integralmente ao projeto do Instituto Royal pelo Governo Federal, sem apresentar resultados foi considerada sigilosa. A decisão 1420 foi tomada em 27 de outubro de 2010.
Infelizmente para os animais, a imprensa não noticiou o fato de que ao mesmo tempo em o governo investiu milhões nesse projeto desnecessário que visava somente torturar animais, deixou no mesmo período, faltar itens básicos que salvariam milhares de vidas humanas. Em 2013, hospitais e postos de saúde não recebiam seringas de insulina, e foram orientados a reutilizar as existentes por até oito vezes.
Em 22/10/2013, o Deputado Ricardo Izar apresentou o Projeto de Lei n. 6602/2013, que: "Altera a redação dos artigos 14, 17 e 18 da Lei nº 11.794, de 08 de outubro de 2008, para dispor sobre a vedação da utilização de animais em atividades de ensino, pesquisas e testes laboratoriais com substâncias para o desenvolvimento de produtos de uso cosmético em humanos e aumentar os valores de multa nos casos de violação de seus dispositivos”.
Em 11/12/2013, o deputado Estadual Feliciano Filho, encaminha Projeto de Lei que, proíbe a utilização de animais para desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos, higiene pessoal, perfumes, e seus componentes, no Estado de São Paulo, que tramitou em carácter de urgência na Assembleia Legislativa, que o aprovou em dezembro.
Em Janeiro de 2014, ativistas permaneceram acampados do outro lado da rua em frente ao portão principal do Palácio dos Bandeirantes, por quase uma semana, reivindicando que o governador promulga-se a lei.
E na manhã que sancionou a Lei 777/2014, o governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin, quebrou o protocolo e se juntou aos ativistas acampados em frente à sede do governo parabenizando-os pelo empenho. A medida ainda será regulamentada.
Alckmin disse que o próximo passo agora é uma lei federal. Ele se mostrou favorável a uma iniciativa no Congresso Nacional para tornar os testes em animais para produtos cosméticos proibidos em todo país.
Na Câmara dos Deputados em Brasília, há 21 projetos em discussão que tratam do uso de animais em testes de cosméticos tramitando em conjunto.
Em Porto Alegre funciona uma prestadora de serviços do Instituto Royal, a Genotox Royal. A empresa fica em uma incubadora dentro do Centro de Biotecnologia (CBiot) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Campus do Vale.
Enquanto uma lei federal não proibir os cruéis testes em animais, milhões de reais, que poderiam ajudar seres humanos, serão desviados para que mais e mais animais continuem a sofrer nesses ditos ‘experimentos’.
29 de set. de 2014
Presidenciáveis e os Testes em Animais
Durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorreu em Julho deste ano, Marina Silva, que na época ainda era candidata a vice-presidente, foi a única que compareceu ao evento.
Na ocasião, Marina falou da importância do debate. Sabatinada por vários pesquisadores no local, ela falou ainda sobre a utilização de animais em pesquisas no país. "Em alguns casos é possível substituir essa pesquisa por outras alternativas, mas nos casos em que não é possível, é preciso observar os protocolos e requerimentos internacionais. Obviamente que não se pode deixar à mercê da própria sorte a proteção da vida dos animais, que são indefesos”.
Marina defendeu que essa parceria deve ser maior, e que isso está sendo levado em consideração em seu plano de governo com Eduardo Campos. "Nós queremos ouvir a comunidade científica, não para legitimar aquilo que se decidiu, mas para que de fato possa interferir nos processos que estão em curso na gestão pública", falou.
Temos que entender que a ciência, tecnologia e inovação são fundamentais para o desenvolvimento de toda e qualquer sociedade. Sem ciência, fica difícil fazer jus a grandes vantagens comparativas que o Brasil tem. Para isso, é preciso investimento adequado com recursos e formação na educação das pessoas", disse.
Eduardo Jorge, outro candidato a presidente; estudou Medicina, especializou-se em Medicina Preventiva, e em Saúde Pública, mas não compareceu ao evento e nem se pronunciou sobre ele - mas em seu programa de governo consta: Proibir testes de cosméticos em animais e incentivar a pesquisa e o desenvolvimeno para eliminar também o uso de animais como cobaias em outros setores. (página 35).
Para se ter uma real dimensão da importância do evento, cabe ressaltar que a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), é um dos membros que compõem o Concea que é a instância colegiada multidisciplinar de caráter normativo, consultivo, deliberativo e recursal, instalada em dezembro de 2009 para coordenar os procedimentos de uso de animais em ensino e pesquisa científica. Entre suas competências, está a formulação de normas relativas à utilização “humanitária” de animais, bem como estabelecer procedimentos para instalação e funcionamento de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal. De acordo com a coordenação do evento, o candidato Aécio Neves (PSDB) informou que não iria participar devido a problemas com a agenda. Já a presidente Dilma Rousseff (PT) não chegou a responder ao convite.
E que o PT, e seus partidários como Aloizio Mercadante, enquanto ministro da Ciência e Tecnologia, sempre defendeu o cruel uso de animais no desenvolvimento de novos fármacos e procedimentos para o “avanço” da pesquisa e da ciência.
Cabe ressaltar que até hoje aguarda-se o resultado da investigação pelo Tribunal de Contas da União do desvio das verbas de R$ 5 milhões ao Instituto Royal, que depois que os animais foram resgatados de seu cruel laboratorio, e a falcatrua foi descoberta simplesmente fechou as portas, para não que mostrar que simplesmente não estava a procura da cura de nenhuma doença, mas fomentando a corrupção e a crueldade.
7 de ago. de 2014
Brasil e o Uso de Animais em Experimentações Científicas
“O Brasil é o país que terá coragem para liderar o diálogo sobre o uso de animais em experimentações científicas”.
A afirmação é do neurocientista Philip Low, feita no III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal, realizado em Curitiba; segundo a qual há evidências científicas (Declaração de Cambridge), suficientes para garantir que, assim como os seres humanos, os animais também possuem consciência. O pesquisador citou o episódio do resgates dos cães beagles, ratos e coelhos do Instituto Royal ano passado.
Para uma platéia que lotou o auditório do III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal, realizado entre hoje e quinta-feira (7) em Curitiba, Low disse acreditar que o caso dos beagles foi importante porque fez o país acordar para a discussão. “Eu teria feito diferente. Ao invés de sair quebrando as coisas, eles (os ativistas) deveriam lutar para mudar as leis para que os cientistas tenham novos desafios”, afirmou o cientista em entrevista ao CFMV. Ele se refere, por exemplo, à adoção de tecnologias não invasivas já existentes no mercado.
Low, que trabalha no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) nos Estados Unidos, disse ver o Brasil como um país aberto ao diálogo. “Vim da Califórnia por acreditar que algo muito importante está acontecendo neste país. Acho que a maior parte dos cientistas quer ajudar. Se as leis permitirem que eles usem ferramentas diferentes, eles usarão”, opina.
O neurocientista afirma que, embora tenha sido de muita utilidade, a experimentação animal apresenta diversas limitações. “Ela é feita por pessoas que querem ajudar a sociedade. Mas, por outro lado, há a a indústria de alimentos que mata animais sem nenhuma razão”, afirma. “O primeiro passo é fazer com que as pesquisas com os animais melhorem para que eles não sejam submetidos a sofrimentos. Acredito que, se fizermos os sacrifícios e os investimentos corretos, a experimentação animal poderá ser muito mais focada, limitada e ética”, avalia..
Com o rascunho original escrito a mão, Phip Low leu para o público presente a Declaração de Cambridge, manifesto publicado em 7 de julho de 2012 e assinado por outros 25 pesquisados de renome. O documento aponta evidências científicas suficientes para garantir que, assim como os seres humanos, os animais, como as aves, os mamíferos e certos invertebrados também possuem consciência.
Presente na palestra, o integrante da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal (Cebea), do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), e professor da Universidade Federal de Pernambuco, o médico veterinário e PhD dr. Marcelo Teixeira afirma que Declaração de Cambridge é baseada em fatos irrefutáveis. “Ela não é baseada em teorias ou filosofias. A Declaração é ciência. E se a ciência mostra que há uma relação direta de similaridade entre a reação dos seres humanos e dos animais, isso tem que ser levado em consideração”, finaliza. As informações são da Assessoria de Comunicação do CFMV.
29 de jul. de 2014
Denúncia de Maus Tratos aos Animais no Hospital Veterinário do Piauí é Apurada pela OAB
A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí, esteve reunida com o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Antônio Auro e com a Coordenadora do Núcleo de Defesa dos Animais e também membro da Comissão Juliana Castelo Branco.
O encontro foi realizado na sede da Seccional para analisar as denúncias recebidas pela Comissão relativas às aulas práticas de Fisiologia do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e instalações do laboratório do mesmo. Segundo as denúncias, os animais estariam sendo maltratados durante as aulas de Fisiologia e os laboratórios estariam, de acordo com a norma vigente, apresentando condições inadequadas em sua estrutura física, conforme publicado pela OAB/PI.
O vice-presidente da Comissão da OAB-PI, Esdras Nery, explicou que o primeiro passo é apurar a veracidade dos relatos, para isto, a Comissão encaminhou uma cópia formal das denúncias com representação para o Conselho Regional de Medicina Veterinária, Ministério Público Federal e Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Esdras Nery afirmou que em relação à possibilidade de maus tratos, cabe ao Conselho de Ética da UFPI, que já foi notificado, avaliar a metodologia utilizada nas aulas de Fisiologia.
Antônio Auro, presidente do CRMV, afirmou que irá apurar as instalações dos laboratórios do Curso de Medicina Veterinária da UFPI assim como as instalações do Hospital Veterinário da Instituição.
A ONG PEA – Projeto Esperança Animal, em sua página no facebook publicou as fotos e o texto abaixo;
Maus tratos e morte em Hospital Veterinário!
Professores de fisiologia do Hospital Veterinário do Piauí foram denunciados por usarem medicamentos vencidos e protocolo anestésico inadequado para a abertura de tórax, e, ao que tudo indica, cometerem um CRIME AMBIENTAL.
De acordo com a denúncia, o cão era sadio e o procedimento foi para simples demonstração. Além disso, o cão não estava entubado e nem cateterizado, tão pouco estava com pano de campo estéril. O professor e os alunos não estavam paramentados adequadamente (touca, máscara, luvas cirúrgicas, proteção para os pés, avental cirúrgico de manga longa). Os instrumentais estavam em cima da mesa e sem pano de campo estéril. Sem contar que o ambiente é de uma sala de aula e não de um centro cirúrgico.
O protocolo anestésico usado era inadequado para tal procedimento o que resultou em dor e sofrimento imensuráveis ao animal.
A prática desse professor levou o cão à uma morte lenta e dolorosa.
A denúncia está sendo investigada pela comissão da OAB-PI.
Veja o vídeo da crueldade cometida em sala de aula:
https://www.dropbox.com/s/38g2609r06y79qj/Tu%20matarás%20%281%29%20%282%29.wmv
Lute contra a crueldade: ASSINE A PETIÇÃO COBRANDO EXPLICAÇÕES E PUNIÇÃO AOS RESPONSÁVEIS!
https://secure.avaaz.org/po/petition/OAB_e_Ministerio_Publico_PI_Apuracao_e_punicao_dos_responsaveis_denuncia_do_Hospital_Veterinario_do_PI/?preview=live
#denuncia #crueldadecomanimais #veterinaria #faculdade #pea
15 de jul. de 2014
Projetos para Beneficiar Animais estão Parados no Congresso
Nota do Blog: Antes de ler a matéria tenha em mente que além da morosidade do congresso brasileiro, a maioria dos líderes/entidades que defendem a causa animal no Brasil, também não apoiam ou fazem grandes esforços (manifestações-petições) para apoiar este ou aquele projeto, por serem desse ou daquele político que não apoiam, ou porque são contra a criação de abrigos de animais. E pasmem ainda fazem campanha CONTRA outros projetos apoiados por outras entidades pró-animais.
Ou seja desse jeito os animais nunca teram direitos nesse nosso país, não acham!
O projeto da política de castração que poderiam ajudar a conter o abandono de animais nas ruas, já foi aprovado em todas as comissões da Câmara, e agora o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, deputado federal Ricardo Izar (PSD-SP), há três anos a frente luta para colocar na pauta da Câmara dos Deputados um projeto que obriga os governos estadual, federal e municipal a colocar em seus orçamentos previsões de verbas para política de castração. Izar tenta colocar o projeto em pauta no plenário.
A Constituição Federal já estabelece que é dever do Poder Público cuidar da fauna e da flora, mas, na prática, nem todas as prefeituras têm projetos para castrar os animais. Com isso, animais que vivem nas ruas continuam se reproduzindo.
Para entender as divergências entre os que ajudam e entre aqueles que só fazem palestras em prol dos animais; leia também (click no título)
Eu Apoio PL 6602 Veta Testes Em Animais
ÍDOLO FAZ CAMPANHAS EM PROL DOS ANIMAIS
No entanto, segundo o parlamentar, não há projeto de lei tramitando para resolver o problema dos animais que vivem em abrigos voluntários, que muitas vezes não têm como se sustentar financeiramente.
“Estamos brigando com o Ministério da Saúde para que sejam criadas rubricas específicas, para podermos criar emendas parlamentares solicitando recursos do governo para ajudar os abrigos. As rubricas que já existem são para ampliação de centros de zoonoses”, explica Izar.
Outro projeto prevê o aumento da pena para maus-tratos de animais, que passaria de detenção para reclusão. Atualmente, a Lei 9.605, de 1998, prevê detenção de três meses a um ano mais multa para quem cometer maus-tratos ou ferir animais domésticos, silvestres ou domesticados.
Há ainda um projeto que proíbe matar indiscriminadamente animais que são levados para os centros de controle de zoonoses das prefeituras. “Em muitas prefeituras de cidades do interior, animais são mortos nos centros de zoonoses sem necessidade. Os centros deveriam fazer uma triagem, separar os cães sadios dos doentes. Mas, em vários centros, eles simplesmente executam animais”, disse o deputado.
Fonte: Terra
Nota: Ou seja na minha concepção, se uma pessoa se candidata a um cargo político, e faz projetos QUE EU SEMPRE QUIZ, QUE EU SEMPRE ACHEI NECESSÁRIOS PARA O BEM ESTAR DOS ANIMAIS, OU EU VOTO NESSA PESSOA, OU NO MINÍMO MORDO A MINHA LÍNGUA ANTES DE PENSAR EM FALAR QUALQUER COISA CONTRA ESSA PESSOA!
12 de jul. de 2014
ÍDOLO FAZ CAMPANHAS EM PROL DOS ANIMAIS
Em 2008, O ex-Beatle Paul McCartney lançou a "Meat Free Monday" (“Segunda Sem Carne”). Paul escreveu uma carta aos leitores do site GOOP, onde cita o Brasil e explica a campanha (tradução da carta de Paul no final da postagem). Existe também a versão brasileira da campanha “Segunda Sem Carne” (click para conhecer e aderir).
“Eu apoio a Campanha Liberte-se da Crueldade que busca a proibição global para garantir que os animais não sofram por uma questão de beleza em qualquer lugar do mundo.” são as palavras de Paul McCartney no site da Cruelty Free Internacional, organização que há mais de 20 anos tem como com o objetivo de acabar com os testes de cosméticos em animais no mundo.
Em 1991, a BUAV (União Britânica para a Abolição da Vivissecção), que é uma uma ONG centenária, estabeleceu a Coligação Europeia para a Abolição das Experiências com Animais em toda a Europa (ECEAE), com o objetivo de acabar com os testes de cosméticos em animais. Isso desencadeou uma campanha pública e política de ampla divulgação em toda a Europa, e a fundação da Cruelty Free International, e foram estas entidades que conseguiram que os Testes Cosméticos em Animais fossem banidos da União Europeia em 2013. A BUAV para quem não conhece, entre outras coisas infiltra membros em universidades, laboratórios para conseguir documentar os maus-tratos com os animais para conseguir mudar essa triste realidade.
No entanto nenhuma das credenciais ou histórico acima parece ser suficiente para certos radicais brasileiros, que dentre outras discordâncias também não querem permitir que alguns animais sejam salvos aqui no Brasil, conforme propõe a PL 6602/13 (click aqui para assinar a petição)
Sonia T. Felipe e outros radicais brasileiros, discordam de diversos movimentos pró-animais como a Segunda Sem Carne e a Cruelty Free.
Em artigos intitulados “Livre de crueldade”, a migalha de um direito que deve ser integral, à vida, a filosofa descreve seu ponto de vista, que posso explicar baseada em uma única frase dela; “Os animais não merecem migalhas. Merecem tudo. Como nós”. Não discordo dela quando diz que nós e que os animais merecemos, mas a forma simplista que faz parecer que nós humanos temos “tudo” e negamos esses direitos aos “animais”. Parece esquecer que a grande parte da humanidade também padece de direitos, sendo subjugada pelos lobbies humanos que destroem o planeta, a humanidade e os animais.
Mas quem sou, para discordar dos ‘Ph.D.’,que se propõe a defender os animais…
Apesar de que discordar todos podemos; veja o caso do Greenpeace fundado em 1971, por 12 pessoas, entre jornalistas e defensores da natureza, depois de algumas ações, e de algumas discordâncias um de seus fundadores se retirou e fundou o Sea Sheppard. Ou seja Paul Watson não ficou só filosofando – saiu a campo para defender os animais do modo que ele entendia ser o correto.
“Ninguém vale pelo que sabe, mas pelo que faz com aquilo que sabe”
(Leonardo Boff)
Mas aqui no Brasil, ‘os discordantes’, não saem a campo para defender os animais da forma que eles consideram correta – eles discordam da atitude de outros, e entre artigos, petições e maledicências, vão minando pequenas conquistas de outros que eles discordam. Conforme podem ver abaixo, pessoas como eu e você que se preocupam em salvar um só animalzinho, não importando se ele está na rua, ou dentro de um laboratório, ou em algum pasto, vamos continuar a sofrer pelos animais, esperando que quaisquer leis possam nos auxiliar a protege-los.O mundo é feito de ações e não de palavras. Ninguém é capaz de mudar a realidade que envolve o movimento sozinho. De nada adianta filosofar e não agir. Os “formadores de opinião” de nada servem sozinhos.
O Bem-estarismo e o Abolicionismo
A primeira prega melhores condições de criação e abate, como é o caso da WSPA, parceira do governo nesse projeto. Sônia Fonseca, presidente do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. Uma das líderes do movimento para que o abate humanitário se tornasse lei em São Paulo, Sônia é categórica: "É claro que não existe forma boa de matar, mas, no momento, o abate humanitário é uma maneira de diminuir um mal que não podemos evitar".
A segunda clama pelo fim da exploração animal.
Nesta última, enquadra-se a entidade do nutricionista George Guimarães, 34, presidente do Veddas Para ele, qualquer ação que vise a melhorar o bem-estar animal tem interesses comerciais e perpetua a exploração, porque cria na população a falsa impressão de que eles têm uma vida digna. "Os animais não têm interesse em serem explorados. Dentro desse cenário, essa ação é contraproducente."Sônia, do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, rejeita essa divisão entre as ONGs. "No fundo, todos somos abolicionistas. Não tenho pretensão de impedir que as pessoas comam carne. Se isso não é possível no momento, por ora, vamos minimizar o sofrimento dos animais", defende.
O resumo da opera para os radicais é: Se ‘TODOS’ não forem salvos, não importa salvar ou melhorar a vida de ‘ALGUNS’, e por conseguinte não fazem nada por ‘NENHUM’ animal. Com exceção dos 80 ou 90 animais que eles calcularam, por estarem salvando por terem optado por ser algum tipo de “V.1” em suas vidas e dietas.
Parar de comer carne, de usar produtos de origem animal, ou testados em animais, deve ser uma busca pessoal de cada um, e não uma coisa imposta por pessoas que se acham no direito de apontar o dedo a outros que sequer conhecem. Cada um dentro do movimento está em um estágio de evolução, e deve ser respeitado.
Penso que deveríamos nos preocupar mais em nos unir pelo mesmo ideal, do que nos separar em grupos que tem a pretensão de criar uma hierarquia num movimento que é totalmente voluntário.
A Segunda Sem Carne
Um dia por semana sem comer carne pode ajudar a combater o aquecimento global. É o que afirmam os engajados na campanha Meatless Monday (“Segunda sem Carne”), movimento que surgiu nos Estados Unidos em 2003, com o objetivo de incentivar as pessoas a consumir menos carne.
Segundo um estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), as emissões de gases de efeito-estufa – como o dióxido de carbono, o metano e o óxido de nitrato –associadas à cadeia de produção da carne representam um quinto das emissões totais mundiais. Cerca de 18% das emissões provêm do desmatamento para a criação de pastagens, do transporte da carne, do processamento industrial do alimento e do sistema digestivo dos bovinos. “Calcula-se que o gado emita 80 milhões de toneladas de gás metano (por gases e fezes) por ano. Este gás, por sua vez, tem potencial térmico 21 vezes maior do que o gás carbônico”, explica o professor do Mestrado de Gestão Ambiental da Universidade Positivo Maurício Dziedzic.
O impacto de uma ação como essa parece insignificante, mas, se todos os habitantes dos países ricos adotassem a medida, a diferença seria bastante significativa. De acordo com o escritor norte-americano Michael Pollan, autor de O Dilema do Onívoro, a adoção de uma dieta vegetariana durante um dia da semana por toda a população dos Estados Unidos seria o equivalente a tirar 20 milhões de carros da estrada.
E a tradução da carta de Paul MacCartney
“Olá, Goopsters! Olá, Gwyneth!
Ok, aqui vai a história da Segunda Sem Carne. Em 2006, as Nações Unidas emitiram um relatorio que apontou a indústria de alimentos de origem animal como uma das grandes responsáveis pela emissão dos gases do efeito estufa, maior até do que o setor de transportes.
Achei isso interessante particularmente porque as pessoas das Nações Unidas não são vegetarianas e por isso, não poderiam ser acusados de imparciais eles apontaram os seguintes fatos:
- A indústria de alimentos de origem animal produz gases extremamente perigosos para o futuro do meio-ambiente.
- Os dois principais desses gases, metano e nitróxido, são considerados mais letais do que o CO2 (metano é 21 vezes mais poderoso que o CO2 e o Nitróxido é 310 vezes!) então estes dados sugerem que isto está causando uma situação perigosíssima para nós e, mais importante, para as futuras gerações.
- O metano fica na atmosfera de9 a 15 anos, o Nitróxido fica por 114 anos, na média, e é 296 mais potente que o CO2 – os gases lançados hoje continuarão ativos na degradação do clima por décadas.
- A indústria de alimentos de origem animal destrói terras: um relatório recente do Greenpeace realizado no maior estado produtor de carne do Brasil descobriu que a produção era responsável por muito mais devastação do que a soja.
- Um terço dos cereais produzidos, e quase 90% da soja, vai para o alimento de animais, não para a comida dos humanos. Comer menos carne vai liberar muitas terras usadas para agropecuária, o que pode ser revertido no crescimento de árvores, que por sua vez, irão absorver dióxido de carbono da atmosfera.
- A indústria de alimentos de origem animal destrói a água: é responsável por 8% do uso de água da humanidade. A estimativa é de 634 galões de água potável para produzir 150 gramas de bife. É o mesmo que quatro horas de chuveiro ligado. Para comparação, a mesma quantidade de tofu precisa de somente 143 galões para ser produzida.
- A indústria de alimentos de origem animal é uma das maiores causas da poluição da água, principalmente pelos restos animais, antibióticos, hormônios, químicos, fertilizantes e pesticidas usados nos pastos.
- A indústria da carne deve dobrar sua produção até 2050 então mesmo que diminuam suas emissões em até 50% como prometeram, ainda estaremos na mesma.
Com isso em mente, minha família e eu lançamos a Segunda Sem Carne no Reino-Unido, uma ideia que ganhou o apoio de pessoas como Tom Parker-Bowles, que depois de uma vida inteira denegrindo os vegetarianos, escreveu recentemente em sua coluna no jornal Daily Mail apoiando a causa. Outro apoiador é Al Gore que declarou que iniciativas como a Segunda Sem carne “representam um componente responsável e bem-vindo de uma estratégia abrangente para reduzir o aquecimento global e simultaneamente aumentar a saúde da população.”
Até mesmo algumas escolas já estão fazendo isso no Reino-Unido com algum sucesso. A cidade de Ghent na Bélgica tem a Segunda Sem Carne e, surpreende mente, São Paulo também, embora o Brasil seja um grande exportador de carne. Na Suécia, o governo agora está rotulando as comida para dar aos consumidores a oportunidade de entender os perigos do consumo indiscriminado de comida e há muitos outros exemplo aparecendo online.
O ponto: muita pessoas estão procurando maneiras de “fazer sua pequena parte” pelo meio-ambiente. Nós reciclamos – algo que jamais teríamos sonhado no passado. Muitas pessoas dirigem em carros híbridos e a maioria das pessoas está percebendo que não podemos deixar essa questão importante para os políticos do mundo. Recentemente, na Conferência do Clima em Copenhagen, esse item nem estava na agenda e então eu acredito novamente que foi deixado para nós, o povo, fazer sua parte.
É incrivelmente fácil tirar um dia da semana, Segunda ou qualquer outro dia, para não comer carne. Quando você pensa nisso, há tantas alternativas, como por exemplo, a comida italiana, tantos pratos que são vegetarianos como os tailandeses e chineses. Só significa que você tem que pensar um pouco sobre o que você comerá naquele dia mas, na verdade, longe de ser um problema, é um desafio divertido.
Tendo sido vegetariano por mais de 30 anos, eu acho muito simples e fácil, gostoso e apreciável.
Então é isso! Na próxima segunda não coma carne e faça sua pequena parte para salvar esse nosso lindo planeta. Para mais informações, ideias e dezenas de receitas sem carne visite o site oficial da Segunda Sem Carne.
Obrigado, Goopsters! Obrigado, Gwyneth!
Rock para todos!
Paul”
1- (Ovolactovegetarianos, Lactovegetarianos, Vegetarianos, Veganos)
3 de jul. de 2014
Eu Apoio PL 6602 Veta Testes Em Animais
Simples assim, sem milongas, sem ‘juridiquês’, e sem jurisprudência, eu apoio a PL 6602/13, e não vejo nenhum motivo para que outros pontos que possam melhorar essa lei não sejam acrescidos no Senado, em vez da PL voltar para a câmara, e nunca mais esse assunto ser apreciado pelos políticos.
Há 11 anos corre no Senado, o projeto de lei de castração nacional, que vem sendo apensado e apensado e pensado, e enquanto isso, mais e mais animais estão procriando, sofrendo nas ruas, pelo simples fato de que os humanos que combatem as crueldades não foram capazes de se unir em prol deles. O autor da PL de controle de natalidade faleceu em 2011. Você sabe quem ele era? Sabia que ele também foi chamado de oportunista.
Nesses anos que tenho me dedicado a tentar ajudar animais e sensibilizar pessoas para que também se juntem a ‘causa animal’, já vi e li muita coisa, mas de tudo o mais me entristece nesse meio, é a falta de cooperação de uns com outros que se dizem lutar pelo Respeito e pelos Direitos dos Animais.
Pessoas que estão há anos-luz na causa animal, e que cada uma a seu modo contribuíram ou que contribuem com seus conhecimentos, as quais eu muito aprendi com elas, praticamente se degladiando umas com as outras por terem pontos de vista e argumentações diferentes sobre um paragrafo, uma virgula, uma ou outra ação. E o que vejo ano após ano, é que ao mesmo tempo que falam em união, pregam não só a desunião, como a ridicularizarão da causa animal perante todos aqueles que maltratam, torturam e matam animais.
Esse embate sobre PL 6602/13, no meu ponto de vista, não é diferente de outras guerras que presenciei dentro da causa animal. Lembro-me bem de quando uns chamaram um certo vereador de oportunista quando ele propôs uma lei que somente animais castrados poderiam ser vendidos e doados em São Paulo. Como também o de um protetor que se candidatou, e que também foi taxado de oportunista, e que depois de eleito, em tempo recorde aprovou a lei que proíbe animais de serem eutanasiados nos CCZ’s do Estado de São Paulo. Ambos os projetos foram aprovados, e as leis estão vigorando, mas isso não significa que elas estejam sendo fielmente cumpridas e fiscalizadas como deveriam. Isso ao meu ver também não significa que outras leis melhores e mais eficazes devam ser elaboradas, e nem que este ou aquele político deva ser crucificado pelo que fez antes ou depois dessas leis. Sei dar o verdadeiro valor a quem de direito no momento apropriado, nem antes, nem depois, sem criar falsas expectativas de que estes serão meus representantes 'ad aeternum'.
Voltando um pouco mais no tempo, jamais esquecerei da minha primeira campanha, criei uma comunidade, banners, vídeos, e sai em busca de apoio para a aprovação da PL 1376/2003, que cria a política nacional de controle de natalidade de cães e gatos. Trata-se de matéria aprovada anteriormente pela Câmara e que está sendo alterada pelo Senado, onde se encontra a 11 anos. O autor foi o Deputado Affonso Camargo, o qual também concorreu a Presidente da República em 1989, mas que faleceu em 2011, e que muitos também chamaram de oportunista.
Lembro-me que ‘muitos entendidos’ se opuseram ou não apoiaram o projeto de castração nacional, alguns me diziam entre outras coisas, que o deputado tinha interesses pessoais, já que era filho de pecuaristas. E hoje me pergunto; quantos descendentes dos animais que não foram castrados há 11 anos, esses entendidos que foram contra o projeto, conseguiram salvar?
Leio muito, e tento entender todo esse ‘juridiquês’ e ‘teoriquês’ apregoados por ambos os lados, muita coisa absorvo, mas muita embola meus frágeis neurônios, e na falta do mestrado ou de diploma, transfiro toda essa ‘teoria’, para os dias atuais e reais em que vivem nossos animais.
Todos na causa são unânimes em citar o Artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais; Que é crime maltratar, matar, torturar, que dá cadeia, que dá multa... Mas em termos práticos o que temos visto no Brasil é que isso ser transformado nos famigerados ‘TCO’ -Termo Circunstanciado de Ocorrência, e não no meu ponto de vista, não é justiça, mas uma injustiça com os animais.
Poderia citar dezenas de casos, filmados e comprovados dos autores de crimes enquadrados no Art.32; como da Enfermeira que matou a Yorkshire, Da Dalva a assassina de cães e gatos de São Paulo, o prefeito que mandou matar os cães no Pará, e da Mulher de Porto Alegre que Espancou um Filhote, e tantos outros, os quais nem sabemos se eles chegaram a pagar a multa que lhes foi aplicada, ou se entraram com algum tipo de recurso, tão comum em nosso país. Isso porque são pessoas físicas! E o que dizer então das faculdades e dos centros de pesquisas, como o caso do Veterinário Acusado de Maus-tratos, e que não vemos uma frase sequer do art.32 servir efetivamente para ter protegido o animal ou ver a punição contra o agressor.
Dizer que esse ou aquele argumento vai servir para ‘proteger’ mais ou menos animais – passa a ser mais importante do que propriamente salvar um ou uns animais?
Fico imaginando se durante a tragédia na Região Serrana do Rio, as pessoas discutiram antes quantos animais poderiam salvar, ou se não pensaram nos números, e se dispuseram a ir lá salvar quantos animais pudessem….
Como boa geminiana, entendo todas as plausíveis argumentações colocadas contrárias a essa PL, mas jamais conseguirei entender que as pessoas que eu admirava, e que tanto me ensinaram, hoje direta ou indiretamente dão argumentações técnicas e jurídicas aos inimigos dos animais. Será que elas esqueceram que não estamos mais nas listas fechadas de discussões do Yahoo, e que tudo o que escrevem pode e será usado contra os animais.
Será que elas já se deram conta de que além dos pseudos-cientistas, até nas comunidades PRÓ-RODEIOS, esse racha na causa animal está sendo comemorado. E que qualquer ativista em qualquer lugar do Brasil hoje pode e será ridicularizado por qualquer ação em prol dos animais, com base nos argumentos técnicos e jurídicos, que vocês mesmas espalham pelas redes sociais sobre como o artigo 32 pode ser driblado?
“Um homem é verdadeiramente ético apenas quando obedece sua compulsão para ajudar toda a vida que ele é capaz de assistir, e evita ferir toda a coisa que vive”. A frase muito conhecida e divulgada na causa animal é de Albert Schweitzer que morreu em 1965, e que não era um vegetariano estrito e ele não era contrário a todas as pesquisas com animais. “O que ele destacou foi a responsabilidade: ‘Sob a pressão da necessidade, o homem acaba fazendo distinções, como, por exemplo, quando cai em suas mãos decidir qual entre duas vidas que ele deve sacrificar a fim de preservar a outra. Mas, nesse caso, ele sabe que é o responsável pela vida que é sacrificada.’” (Fonte: Vista-se)
Discussões sobre qual a idade certa de castrar animais, ser a favor ou contra abrigos, ou sobre o abate humanitário, e sobre o que não comer e beber, são questões polêmicas as quais eu sempre respeitei a opinião de todos, apesar de achar que ninguém aprende na porrada, ou com insultos e palavrões, apesar de eu mesma ter muita vontade de as vezes mandar uns e outros para Marte e Saturno e outros lugares, mas que sempre na dúvida, me coloquei na posição do animal; o que seria melhor naquele momento e naquela situação; e ao contrário da celebre frase – Eu também luto por jaulas maiores, pois penso que caso contrário a jaula ficará vazia pela morte dos animais.
“Na história da humanidade, e dos animais também, aqueles que aprenderam a colaborar e improvisar foram os que prevaleceram.” (Charles Darwin)
Vejam também neste link do Fórum Nacional de Proteção e Defesa dos Animais, a necessidade da aprovação da PL 6602, a o qual printei abaixo;
17 de jun. de 2014
Veterinário Acusado de Maus-Tratos dá Aula em Universidade Federal
Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), uma pesquisa envolvendo animais revoltou alunos, funcionários e professores do curso, além de pessoas ligadas ao bem-estar animal na cidade, e somente após 2 anos o veterinário é processado por maus-tratos aos animais.
– Vi um animal com uma prótese, com mandíbula infeccionada, com mau cheiro, que foi eutanasiado durante uma aula no final de abril. O Hospital Veterinário recolheu uma fêmea que havia dado cria no canil da pós e que estava em condições de sujeira, com dermatite, mas o estado nutricional era bom. Ela e outros cães estavam com essas próteses e com mandíbula contaminada, com infecção, secreção e forte odor. Soube que dois bolsistas cuidam dos bichos, mas que estariam apavorados, sozinhos, sem saber o que fazer com os animais. Não condeno o experimento, que é necessário, mas acho que foi malconduzido – comentou um funcionário do hospital, que não quis se identificar.
– Os animais ficaram abandonados depois dos procedimentos, aos cuidados de estagiários que não sabiam o que fazer diante de tanto sofrimento – disse outro funcionário, que também pediu para não ser identificado.
Imagens enviadas ao jornal Diário de Santa Maria – as pessoas que mandaram pediram suas identidades preservadas – mostraram os animais magros, trancados em gaiolas, deitados em meio à própria urina, com pratos de ração virados e vazios, em um ambiente sem condições de higiene.
Outros pontos questionados são a quantidade e o uso de animais saudáveis. As pessoas acham que deveriam ter sido utilizados cães com câncer – objetos iniciais da pesquisa. Gomes alega que não houve tempo hábil e nem logística para reunir animais doentes e que o número foi o mínimo necessário para compor a mostra da pesquisa.
Os passos do projeto
- O projeto do doutorando Cristiano Gomes foi registrado no gabinete de projetos da UFSM e aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da UFSM e em um exame de qualificação, onde é apresentado a uma banca, composta por cinco professores doutores na área – três da UFSM e dois de instituições de fora. A qualificação ocorreu em 30 de novembro de 2010.
- Segundo o doutorando, no início de sua pesquisa, em 2006, durante seu mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foram feitos testes em coelhos. A partir de 2009, a experiência passou por uma etapa em que as novas placas foram implantadas em cadáveres de cães. O experimento em cães vivos e saudáveis teria ocorrido entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012, período em que foram feitas as cirurgias de remoção das mandíbulas e recomposição com as placas de titânio.
- Sobre os casos de cães que tiveram de ser mortos em função do insucesso do experimento, Gomes argumenta que, como a pesquisa é inédita, ele não tinha como prever com exatidão os resultados, e, portanto, não tinha como antecipar que a eutanásia seria inevitável para alguns bichos. O orientador, Ney Luis Pippi, mencionou que a medida teria que ter sido comunicada ao comitê de ética, o que não ocorreu.
Tanto a coordenação da pós-graduação em Medicina Veterinária quanto a direção do Hospital Veterinário e a reitoria da UFSM não tinham conhecimento dos desdobramentos da pesquisa sobre câncer de boca em cães.
– Fiquei sabendo da história na última sexta-feira. A coordenação (da pós) não tem ingerência sobre os experimentos dos pós-graduandos. A coordenação não tem como sair e inspecionar os cento e poucos alunos que temos – disse a coordenadora da pós-graduação em Medicina Veterinária, professora Sonia Terezinha dos Anjos Lopes.
A coordenadora comentou que iria se informar com o doutorando Cristiano Gomes e com seu orientador, Ney Luis Pippi, sobre o ocorrido no projeto.
– A área física é a do hospital, mas o hospital não interfere nem nas aulas nem nas pesquisas da pós – disse Luiz Sérgio Segala de Oliveira, diretor do Hospital Veterinário da UFSM.
A reitoria disse que só se manifestará sobre o assunto depois do pronunciamento do Comitê de Ética.
Em 02/08/2013, a juíza Gianni Cassol Konzen, da 1ª Vara Federal de Santa Maria, deferiu parcialmente uma ação civil pública movida pelo Movimento Gaúcho de Defesa Animal (MGDA) em caráter de urgência.
A entidade protetora pediu, em 1º de julho, a proibição do uso de qualquer tipo de animal em sala de aula na UFSM. A juíza aceitou o pedido de suspensão, mas apenas em casos que envolvam animais saudáveis, ficando liberado o uso de animais doentes. A partir da decisão, todas as atividades envolvendo cobaias sadias, inclusive, exames e diagnósticos, foram suspensas até julgamento final sobre a questão.
Somente após 2 anos dos crúeis experimentos, ele é processado
O que disseram
Cristiano Gomes, médico veterinário e réu do processo
Contatado pelo Diário na sexta, Gomes atendeu uma das quatro chamadas, mas quando informado sobre o teor da reportagem, a ligação caiu. Até ontem, não havia respondido ao e-mail que foi enviado nem dado retorno ao recado deixado com sua mulher
Ney Luis Pippi, orientador de Gomes
Procurado pelo Diário na sexta-feira, o professor disse que desconhecia a denúncia e que não iria se manifestar sobre o caso
A investigação
Trechos de depoimentos de testemunhas à Polícia Federal durante a investigação
Ney Luis Pippi, orientador de Gomes no experimento
Contou que acompanhou o experimento e que foram seguidos os procedimentos legais. Disse ainda que os animais foram medicados e alimentados adequadamente. Que a limpeza no canil era feita diariamente pela Sulclean. Pippi apresentou documento comprovando a aprovação do projeto
Marta Lisandra do Rego Real, integrante da Comissão de Ética em Experimentação Animal da UFSM
Afirmou que não esteve no canil, mas sabe que limpeza era diária. Que não considerava maus-tratos os procedimentos. Sobre as eutanásias, acredita que tenham sido comunicadas
Eliane Maria Zanchet, coordenadora da Comissão de Ética
Informou que recebeu denúncia de três veterinárias sobre a situação irregular no cuidado pós-operatório dos animais
Liandra Cristina Portella, funcionária da UFSM
Disse que, ao avaliar um cão em aula, verificou que estava com prótese na mandíbula, que era destinado à eutanásia e era parte do experimento. Tomou conhecimento que outro animal, uma cadela, tinha dado cria durante a pesquisa
Camila Feltrin Giglio, médica veterinária
Informou que, em 1º de maio de 2012, um estagiário da pesquisa de Gomes pediu sua ajuda para tratar uma cadela com filhotes. Ela estava em situação precária, com fome e com a boca totalmente contaminada, com mau cheiro intenso. Ela os medicou e os internou no Hospital Universitário. Os estagiários disseram que Gomes havia mudado para Santa Catarina e abandonado o projeto, deixando seis cães aos cuidados dos estagiários. Havia apenas um pote, tanto para água quanto para comida
Rogério Maria, funcionário da Sulclean
Disse que sua função era limpar o local (sala) do canil, e não as gaiolas onde os cães estavam
Sérgio Luiz da Silva Rodrigues, ex-funcionário da Sulclean
Contou que trabalhou no Hospital Veterinário e lembra do experimento. Disse que depois das cirurgias (colocação das próteses), os animais iam para o canil. Que era ofertada ração endurecida, mas que eles não conseguiam movimentar as mandíbulas para comer. Os cães também não conseguiam tomar água e não havia material para a higienização. Disse que Gomes eventualmente aparecia. Que durante a noite não havia ninguém no local. Por quatro meses, nunca viu alguém aplicar medicação nos cães
A denúncia do Ministério público
Trechos do relatório da denúncia do Ministério Público à Justiça
"...não apresentou (Gomes) justificativa para que as instalações experimentais ocorressem em animais saudáveis." Além disso, "seria viável que o projeto se iniciasse apenas com um indivíduo e, acaso, bem sucedido, poderia ensejar amostras maiores."
"...o experimento resultou em ferimentos e lesões irreversíveis, o que configurou o delito de maus-tratos... as lesões acarretaram a morte por eutanásia de cinco dos animais."
"...após a instalação das referidas placas, os animais permaneceram trancafiados em gaiolas sem cuidado de higienização, expostos às próprias urina e fezes e sem acompanhamento clínico... sendo-lhes fornecida alimentação inadequada (ração seca), o que ensejou o surgimento de estado infeccioso na boca..."
O veterinário Cristiano Gomes, que utilizou 12 cães como cobaias em um experimento de doutorando na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), está sendo processo criminalmente por maus-tratos contra os animais.
Em maio, a Justiça Federal aceitou a denúncia do Ministério Público Federal, que abriu inquérito após a publicação do caso pelo Diário, em maio de 2012, com exclusividade.
O experimento resultou na mutilação de 12 cães e na morte de cinco deles. Gomes é acusado de ferir e mutilar os cães 12 vezes (número de animais), com a majorante (agravante) da morte de cinco deles, e por conduta omissiva de abuso e maus-tratos 12 vezes (sete pelos sobreviventes e cinco pelos filhotes nascidos durante a pesquisa).
O projeto de Gomes, à época doutorando da Pós-Graduação de Medicina Veterinária da UFSM, era criar e testar uma placa de titânio para recomposição de mandíbulas de cães que, devido a câncer, retirado parte ou toda a mandíbula. Doze cães cobaias saudáveis tiveram parte ou toda a mandíbula retirada para o teste das placas. Sete tiveram sequelas e cinco foram mortos por eutanásia.
À época, a maioria das pessoas ouvidas pelo Diário na época não questionava a importância da pesquisa, mas o uso de animais saudáveis, o abandono deles em condições precárias após o experimento e a eutanásia dos que ficaram com sequelas.
Com base na reportagem, o MPF instaurou inquérito e solicitou investigação à Polícia Federal, que ouviu depoimentos 12 testemunhas, o suspeito e o orientador dele, professor Ney Luis Pippi (leia abaixo). Professor e aluno negaram os maus-tratos e disseram que o experimento seguiu os procedimentos legais.
Após dois anos de investigações, o delegado da PF, Valmir Soldati, indiciou Gomes pelo crime previsto no artigo 32 da lei 9.605 de 1998.
Réu terá de entregar defesa escrita à Justiça
O processo tramita na 3ª Vara Federal de Santa Maria. A Justiça tentou citar o veterinário, mas ele não foi localizado. Nova tentativa será feita em Curitibanos, cidade onde ele atuaria como professor.
Na defesa escrita, que o réu deverá apresentar à Justiça, ele pode fazer alegações, oferecer documentos, justificativas, especificar provas e arrolar testemunhas. Só depois, o juiz pode absolvê-lo sumariamente ou dar andamento ao processo.
O orientador de Gomes, professor Ney Pippi, não foi investigado. Segundo o delegado Valmir Soldati, ele não tinha responsabilidade sobre o cuidado com os animais, somente sobre o trabalho científico do orientando.
Na sexta-feira passada, o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Rodrigo Lorenzoni, disse que o órgão aguardará o MPF enviar a denúncia para instaurar processo ético que apura se o veterinário agiu com imprudência, negligência ou imperícia