20 de set. de 2013
Gatos-do-mato, gambás, suçuaranas, jaguatiricas, capivaras, ouriços e cachorros-do-mato. Esses são alguns exemplos dos animais expostos ao risco de atropelamento todos os dias na Avenida Ivan de Abreu Azevedo, que separa a mata do Jardim Xangrilá da fazenda Monte Deste, onde um grande lago funciona como atrativo para a fauna local.
Muitos dos animais são atingidos por veículos. Na última segunda-feira, um gato-do-mato foi atropelado durante a travessia. Ele sofreu uma fratura na coluna e, graças à ajuda de voluntários, foi socorrido, atendido e está internado em um hospital veterinário de Campinas. O animal deve ser submetido a uma cirurgia e há risco de que não volte a andar. “Não temos um levantamento exato do número de casos, mas recebo relatos de cerca de cinco atropelamentos por semana aqui”, afirma o veterinário especializado em animais selvagens Roberto Stevenson.
A presidente da Sociedade Protetora da Diversidade das Espécies (Proesp), Márcia Corrêa, explica a estrada divide duas áreas de preservação e que por isso os animais costumam atravessar o local. “Os carros passam ali geralmente em alta velocidade”, diz.
Essa mata é o último resquício de proteção e muitos animais estão migrando para o local. “Eu moro aqui perto e tenho visto muito bicho que não via antes. Os animais não têm mais para onde ir, as matas estão sendo destruídas, queimadas e eles acabam migrando para essas regiões ainda preservadas”, afirma a ambientalista.
Segundo os especialistas, a fauna da região é muito rica. “Lá existem vários tipos de animais, como jaguatirica, gato- do-mato, onça parda, capivara, muitos gambás, ouriços, ratão do banhado e muitas aves”, completa o veterinário, que costuma atender animais atropelados na região.
A maior parte dos atropelamentos, conta o veterinário, termina em morte. “Tem uma placa no local informando sobre a presença de animais selvagens, mas é preciso reduzir a velocidade dos carros que passam por ali com lombadas ou radares”, afirma Stevenson.
Depois de recuperados, os animais são colocados de volta na mata. “O Roberto já me procurou algumas vezes para soltarmos os animais que ele resgata. No mês passado soltamos dois gambás e um ouriço com filhote. Ele cuida dos bichos e traz para a gente e soltamos na mata Xangrilá”, conta Márcia.
Stevenson conta que está fazendo um levantamento do número de animais que são atropelados. “Com base nessas informações, iremos tentar mobilizar a sociedade e os órgãos públicos para melhorar essa situação”, afirmou.
Márcia conta que irá encaminhar um ofício para a Secretaria de Transportes para que visite o local e viabilize lombadas. “Não tem sentido vermos todo dia morte de bichos”, diz.
A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) informou, por meio da assessoria de imprensa, que assim que receber a solicitação irá fazer estudo no local para verificar o que pode ser feito para amenizar o problema
Fonte: Correio Popular