3 de fev. de 2015

“Eu bati no elefante porque ele não queria fazer o exercício, e isso não nego. Não podemos deixar que um animal faça aquilo que quer, ou então não há respeito, e o domador não está ali a fazer nada”. Disse Victor Hugo Cardinali, dono do circo onde será rodado o filme ‘O Grande Circo Místico’ do cineasta brasileiro Cacá Diegues.


O incêndio que foi primeiramente percebido pelos defensores dos animais, não para de se alastrar em virtude das informações divulgadas em torno do filme a luz da realidade dos fatos.

O Grande Circo Místico tem tudo para ser o paradoxo de ‘Blackfish’. Durante a produção do filme ninguém pareceu se importar, mas ao receber a mensagem o mundo despertou, e hoje vários pessoas se mobilizam contra o SeaWorld e outros parques marinhos. O movimento mundial que luta pelo fim dos espetáculos circenses que utilizem animais mantendo-os em cativeiro forçado, sofrerá um duro golpe com um filme que ‘invoca’ a ‘ilusão dos animais nos circos’.

Cacá Diegues disse a Revista Época - “Vou filmar em Lisboa porque quando estava montando a produção descobri que no Brasil é proibido ter animais em circos. Como vou fazer um filme de circo sem um elefante, um macaco? Daí descobri que em Portugal existem ótimos circos”

Tentando dissipar a fumaça nas palavras do cineasta, fumaça essa que tentou encobrir a realidade, já que o Projeto de Lei que ‘Proíbe Animais em Circo no Brasil’, está há nove anos aguardando para ser aprovado. O PL 7291/2006, na forma de seu substitutivo, é a atual esperança para que os animais fiquem livres das torturas nos circos.
Onde Há Fumaça, Há Fogo

Curiosamente a ‘Proibição de Animais em Circo em todo o Brasil’, foi por várias vezes citada pelo cineasta a diversos outros veículos de comunicação junto da divulgação do filme ‘O Grande Circo Místico’, sem que nenhum desses fizesse qualquer questionamento ou observação sobre as primeiras das várias informações inverídicas que permeiam a produção do mesmo.


Tanto no Brasil como em Portugal, os defensores de animais se mobilizaram para dissuadir a produção de utilizar animais nas filmagens, em vão, já que o cineasta se declarou um fascinado por circos em sua coluna no Jornal O Globo, onde escreveu;
‘Sempre desconfiei da piedade escandalizada em relação aos animais de um circo. Eles têm casa, comida e roupa lavada, não precisam sair pela floresta correndo perigo e provocando a extinção dos outros, em busca de alimento. E, se por caso não se sentem satisfeitos, podem facilmente acabar com o domador e seus frágeis parceiros de espetáculo. A sobrevida dos circenses é a celebração dos animais.’ Slide29

Em outra matéria do Globo, Cacá Diegues diz - “Os fiscais não liberam nem para a gravação”. “Se ficarem sabendo, eles podem acabar interditando as filmagens”. E todas as cenas circenses — ou seja, boa parte do filme vai ser filmado em Portugal. “Não dá para fazer, sem bichos, um longa que se passa num circo, no início do século vinte”.

É um filme difícil de ser produzido e realizado, mas nunca estive tão excitado, relata o site do IG.


A produtora do filme Renata de Almeida Magalhães, que é também é esposa do cineasta, em comunicado enviado à Lusa, rejeitou, qualquer ideia de maltrato de animais e que estes serão utilizados em situações de um quotidiano de circo: "Não há nenhum motivo para que sejamos tratados como 'monstros-­que-maltratam-animais'". "A história do Circo Victor Hugo Cardinali assegura-nos que estamos trabalhando com uma das pessoas mais sérias do universo circense".

Os defensores dos animais em Portugal, tem uma definição bem diferente da produtora brasileira, e costumam se referir ao mesmo como o ‘confesso abusador de animais’. Depois de ter sido filmado espancando um elefante com o aguilhão, durante uma apresentação do circo que leva seu nome, Victor Hugo Cardinali tentou justificar seu ato a imprensa portuguesa. A confissão foi transmitida pela Rádio Clube Português.

As investigações sobre os maus-tratos ocorreram em vários circos portugueses, foram conduzidas pela Animal Defense Internacional – AID e pela ANIMAL ONG Portuguesa de Defesa dos Direitos dos Animais, que emitiu o relatório “Basta de Sofrimento nos Circos”, onde consta;

Durante a investigação da ADI-ANIMAL, haviam sete elefantes africanos no Circo Victor Hugo Cardinali, que eram mantidos acorrentados pelas pernas com correntes grandes e pesadas, sem serem almofadadas, durante todo o dia, até à hora do espetáculo, às 17 horas.

Tenho amigos em todo o lado disse Victor Hugo Cardinali em entrevista ao “i” . Conheço jornalistas, jogadores, treinadores, gente do teatro e do cinema, presidentes, advogados, engraxadores de sapatos, ladrões, prostitutas.

A última citação da imprensa portuguesa sobre o Circo Victor Hugo Cardinali, foi a da apreensão de nove leões pelo Comando Territorial de Lisboa no âmbito de uma ação de fiscalização feita em conjunto com o ICNF.

Tal como ocorre no Brasil a ‘apreensão’ foi reformulada. Os leões "ficaram confiados ao dono do circo, que é fiel depositário dos mesmos", mas que "não poderá utilizar os animais [nos espetáculos] enquanto decorre o processo no Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Em Portugal, a portaria Portaria n.º 1226/2009, proíbe a aquisição de novos animais, como elefantes, leões, macacos ou tigres, entre outros, e a reprodução dos que já existem nos circos. Por esta lógica, a lei apenas permite a exibição dos determinados animais existentes nos circos enquanto estes forem vivos, e sendo a reprodução proibida os animais deveriam ser esterilizados para que não gerem crias.

Cinco anos depois a Lusa foi perguntar aos dois principais circos que pelo Natal “desceram à cidade” como se estão a adaptar aos novos tempos. Apenas um deles, Miguel Chen, do circo com o mesmo nome, aceitou falar sobre o assunto. “Já mandei castrar todos os meus animais”, disse. O silêncio de Victor Hugo Cardinali não é de se estranhar – ele novamente teria que confessar o abuso, já que não castrou seus leões que continuam a exibir uma farta juba. (Após a castração os leões perdem a juba, já que esses ‘cabelos’ param de crescer).

Aqui sou rei, lá fora ninguém me conhece" disse Victor Hugo Cardinali recentemente ao Diário de Notícias.E é quase incontestável o ‘poder’ dele em Portugal – oriundo da conivência de políticos e de empresários que visam lucros independente da segurança das pessoas e do bem-estar dos animais. Apadrinhado pela TV e pela imprensa Portuguesa, que tenta conectar o circo a todo e qualquer tipo de espetáculo como o futebol – levou um leão a atravessar o estádio lotado de torcedores antes da partida.
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As investigações da ADI em diversos países levaram à conclusão de que o uso de violência no treino e condicionamento dos animais é uma ocorrência regular e faz parte da cultura do circo.

Envolto em labaredas de inverdades, a produção do filme ‘O Grande Circo Místico’ de Cacá Diegues, já deram início a vários capítulos enigmáticos, listados abaixo, de uma trama que pode se estender muito além do eixo Brasil-Portugal, e que irá prejudicar diversos animais pelo mundo com sua exibição que pretende enaltecer os circos com animais.

Em novembro do ano passado à Câmara Municipal de Lisboa, em votação aprovada por maioria, deliberou que não emitiria mais licenças a espetáculos circenses que incluam a exibição ou utilização de animais. A recomendação foi feita pelo PAN – Pessoas Animais Natureza, um partido político de Portugal, de inspiração ambientalista e fortemente voltado para a defesa dos direitos dos animais.

Se o filme ‘O Grande Circo Místico’, já tinha obtido uma licença para as filmagens com os animais no circo, essa informação foi omitida da notícia divulgada pela própria Câmara de Lisboa. O documento sobre as informações do ‘Filme Brasileiro filmado em Lisboa’, consta os locais das filmagens que ocorreram entre Janeiro e Março de 2015, e neste documento não aparece o nome do Circo Victor Hugo Cardinali e nem seu endereço. O documento também cita que haverá um apoio estimado da isenção de 9.957,41€, para o orçamento total de 4.500.000,00€, enquanto que no Brasil consta que o custo da produção seria de R$ 13.000.000,00.

Cita que no Brasil, a produção está em negociações com a Sony Pictures, que a TV Globo é parceira de mídia o que poderá proporcionar uma entrada forte no mercado. e que por último, preveem que este filme possa ser lançado no Festival Internacional de Cinema de Cannes em 2016 (festival onde o realizador exibiu grande parte dos seus filmes alguns em competição, para além de ter sido júri em todas as suas categorias).

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA), que é uma das maiores ONGs de proteção animal no Brasil, e que conta com mais de 100 afiliadas, em todas as regiões do país, enviou ofício para a equipe produtora do filme e recebeu uma resposta, que sugere que o cineasta e seus produtores não acreditam que estão cometendo um erro moral ao ilustrar o uso de animais em circo de forma positiva e que não irão ilustrar o sofrimento animal intrínseco ao uso de animais em circos.

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"Não estamos fazendo nada ilegal. E vou explicar porque também não estamos fazendo nada imoral", afirmou a equipe de produção do filme em resposta enviada ao FNPDA. As justificativas foram de que apenas cavalos, leões, elefantes e pôneis serão usados, e os animais foram adestrados e são atualmente usados nas apresentações do dito "renomado" circense português Victor Hugo Cardinali.


"Não posso entender no que isso implica em maltrato aos animais. Seria como considerar que um documentário sobre um circo que tenha animais configure em cumplicidade com suposto maltrato o que, definitivamente não é o caso", adicionou a equipe de produção de Diegues.
Com base na resposta da produção do filme, a alegação ‘não estamos fazendo nada ilegal’, não parece uma resposta apropriada para um filme que conforme divulgado por Cacá Diegues foi ‘proibido de ser filmado no Brasil’, enquanto que ao mesmo tempo é permitido que seja financiado por incentivos fiscais federais, já que é produzido com recursos ofertados pela Lei Brasileira do Audiovisual (LEI Nº 8685/93).

No Brasil a informação divulgada era que o custo de produção era de R$ 13.000.000,00, e que o filme será uma co-produção Brasil-França-Portugal. Em Portugal consta que apoio do Governo Português foi dado através do Instituto do Cinema e Audiovisual (cerca de 110.000 euros), e com isso também irritou os defensores dos animais.

A Associação Vida Animal de Portugal disse em um comunicado, que continuará a tentar chamar a atenção para a legislação desadequada e impedir que Portugal se torne o destino preferencial para quem pretenda explorar animais para entretenimento e não o possa fazer no seu país de origem".

Na sequência da petição pela retirada do apoio financeiro do governo português ao filme “O Grande Circo Místico”, a Associação Vida Animal, recebeu do Instituto do Cinema e do Audiovisual a seguinte resposta; ‘A entidade considera que não há fundamento para retirar o financiamento de 110.521,66 euros concedido ao projeto no âmbito do Protocolo Luso-Brasileiro e atribuiu-lhe entretanto outros 200.000 euros de apoio no âmbito do programa Coproduções Minoritárias’.

Assim, um projeto que não avançou no Brasil devido à ‘falsa-alegação’ de proibição de utilização de animais na produção, recebe agora 310.521,66 euros (dos quais 195.260,83 já foram pagos) dos cofres públicos portugueses, bem como a anuência das autoridades perante a exploração animal praticada nas filmagens e promovida e romantizada no filme.

- O Poema e suas Adaptações.
“O Grande Circo Místico”, poema de Jorge de Lima, está presente no livro ‘A túnica inconsútil’ foi escrito em 1938. Esse poema, originou diversas interpretações ao longo dos anos, como o balé, musicais, e até enredo de escola de samba, que foram adaptadas para a os espetáculos de mesmo nome, e que retrata a saga da ‘real’ família austríaca proprietária do Circo Knie.


Além de se dedicar ao desenho, à pintura e à escultura, foi o primeiro artista brasileiro a produzir fotomontagens. Em entrevistas, o autor declarou sua admiração pelo trabalho de Max Ernst, que lhe serviu de inspiração. O artista alemão alcançou a fama no período da Alemanha nazista.

- O Circo Knie foi fundado em 1803 pela família Knie e tem existido em sua forma atual desde 1919, quando se mudou de uma arena aberta para uma tenda coberta. O circo é famoso por apresentar números com diversos animais como; ursos polares, leões-marinhos, girafas, rinocerontes, camelos, avestruzes, orangotangos e pinguins – como também elefantes, leões, tigres, macacos, cavalos, lhamas e outros seus animais, e também há algum tempo agora opera um zoológico (Kinderzoo de Knie) e um museu em Rapperswil. Em 1999, Franco Knie foi nomeado Melhor Domador de Animais no Festival Internacional de Circo de Monte-Carlo . Atualmente o circo é uma empresa de capital aberto na bolsa de valores, operados por Fredy e Franco Knie em parceria com a companhia de seguros Swiss Life.

A Elefante Patma, nascida em 1961 é um dos animais mais idosos a continuar viva e trabalhando em espetáculos circenses. O Knie Zoo é famoso por oferecer aos visitantes contato direto com os animais. Elefantes, carregam de 4 a 6 pessoas em suas costas, Também é possível montar nos camelos, ou conhecer o Zoo, sentado em um vagão de trem que é puxado por um único cavalo! E no Zoo Knie os animais comem toda vez que alguém paga para alimenta-los. E consta que na Europa eles são considerados como um ‘exemplo’ de ‘bem-estar’ aos animais.
Slide16 - Os Animais e o Circo
- "Como fazer para conseguir a atenção de um elefante de 5 toneladas? Surre-o. Eis como". (Saul Kitchener, diretor do San Francisco Zoological Gardens)
Os “tratadores” dos animais de circo usam o método de Pavlov, ou seja, treinam-os usando o reflexo condicionado, através da dor e da privação de alimentos.

Os leões são chicoteados nas pontas dos dedos e no lombo até executarem a tarefa pretendida pelo domador. Durante o circo, o domador não chicoteia o leão, apenas usa o barulho do chicote, que animal reconhece e por condicionamento (através da dor) intimida-se e cede à vontade do domador.
Os macacos, por exemplo, são pontapeados e apanham estalos enquanto são treinados.
Os ursos são obrigados a pisar chapas de metal quentes ao som de determinada música. Durante o “espetáculo” os ursos ouvem a música que foi usada enquanto foram torturados e por reflexo movimentam-se, levantando as patas.
Não há muito tempo, nos Estados Unidos, a PETA levou a cabo uma investigação secreta nos bastidores do circo Ringling Brothers, um dos mais antigos do mundo, onde filmaram elefantes vitimas de maus tratos brutais. Os animais eram, e possivelmente ainda são, acorrentados e agredidos com aparelhos de eletrochoque e com ganchos de metal nas trombas, pernas e orelhas.

O posicionamento das pessoas contra a exibição dos animais no circo, advém principalmente das inúmeras denúncias e comprovações de que os animais são torturados, explorados e sobrevivem engaiolados, contrariando seus instintos e sua própria natureza.

O pensamento que os animais nasceram no circo, e apreciam executar ‘truques’ totalmente em desacordo de como viveriam na natureza – advém da forma deturpada como a mídia divulga a questão.
Cada animal utilizado em circo significa um emprego a menos, um artista desempregado, um malabarista no farol das grandes cidades, e um animal escravizado e condenado a viver pelo resto da vida enjaulado e sendo obrigado a desempenhar um papel completamente incompatível com sua natureza.

Ao proibir o uso de animais em circos, mais oportunidades de empregos para artistas humanos de talento inquestionável serão criadas. A diversão continua garantida e a sociedade será mais justa, visto que o exemplo dado às crianças será de esforço e superação humana, e não mais de exploração e dominação pela força.

Substituir animais por arte é uma tendência mundial e irreversível. Demonstra claramente a existência de civilidade que deve ser institucionalizada e valorizada.

Animais silvestres, nativos ou exóticos não foram concebidos para viverem em celas, jaulas, correntes, mas para harmonizarem-se com a natureza da qual fazem parte essencial; nem mesmo para viverem cativos no meio antrópico, nas cidades, fazendas, sítios, ou qualquer outro reduto que não o natural.

Muitos foram capturados na natureza e para isso, seus pais foram mortos.

Circos e similares que mantém animais em suas apresentações, utilizam-se de animais sofridos, maltratados, doentes, subnutridos, causando com isso posturas depressivas e até agressivas. Muitos tornam-se neuróticos, enlouquecem.
f6ca60b057a5b936a171f7f1e990ba47_jpg_290x478_upscale_q90 - O Big Brother Circense na TV de Portugal e o Circo Victor Hugo Cardinali

O ‘Big Brother Circense’, foi transmitido na televisão pela rede portuguesa TVI, no qual o Circo de Victor Hugo Cardinali foi convidado para integrar a produção do Reality Show. Foi criado pela Endemol a mesma produtora de televisão, que inventou inúmeros outros reality shows, que hoje se repetem pelo mundo. O “Circo das Celebridades”, levou um grupo de caras conhecidas da televisão portuguesa a viver e a participar nos espetáculos do circo com animais.

A verdadeira intenção do reality que pretendia manter a ilusão do circo com animais, através de sua mensagem subliminar, o qual poderia ter sido ‘vendido' nas joint ventures, nos 23 países, mantidos pela rede de entretenimento ano após ano, foi ‘suspenso’ após a divulgação do vídeo que mostrou Victor Hugo Cardinali a espancar repetidamente um de seus elefantes durante um espetáculo com o aguilhão. O que a maioria das pessoas desconhece é que apesar de ser um pequeno espeto de ferro - em relação ao tamanho do elefante, as espetadas abrem feridas na pele, que se transformam em doloridos abscessos.

Sem ter como negar a crueldade, e pressionado pela imprensa Victor Hugo Cardinali confessou no programa de rádio bater nos animais do circo como forma de obter respeito subjugando os animais pela dor. Os patrocinadores do Circo das Celebridades receberam milhares de e-mails dos portugueses contra o reality-show e contra o abusador confesso de animais.

A Associação Animal emitiu um comunicado onde citou; “A TVI está a tentar subestimar a inteligência do público, o que é de uma arrogância extrema. A verdade é que as empresas já não estão disponíveis para se associar a este formato”.

Em Portugal a lei que criminaliza os maus tratos aos animais, e que prevê multas e até penas de prisão para quem maltrate ou abandone é restrita aos ‘animais de companhia’, ou seja os animais maltratados nas touradas e nos circos não possuem nenhuma lei que os proteja, e seus agressores jamais são punidos.

A criminalização dos maus-tratos "não abrange os animais utilizados em exploração agrícola, pecuária ou agro-industrial, assim como os utilizados para fins de espetáculo comercial ou outros fins legalmente previstos". A lei limita o crime aos "animais de companhia". Significa que quem quiser matar um elefante à paulada no circo, ou espetar bandarilhas até a morte do touro, não pagará multa e nem será preso. Slide63

Tanto a TV como os jornais portugueses há muito apadrinharam os circos do país tanto que chegam a omitir o ‘nome’ do circo quando a notícia depõe contra esses. Quando 2 tigres fugiram após uma distração do tratador ao lavar a jaula e um deles foi para o rio nadar acompanhado por um cachorro era uma atração – o nome do circo que estava na cidade de Régua nunca foi mencionado.

Durante a investigação da ADI-ANIMAL, haviam sete elefantes africanos no Circo Victor Hugo Cardinali, que eram mantidos acorrentados pelas pernas com correntes grandes e pesadas, sem serem almofadadas, durante todo o dia, até à hora do espetáculo, às 17 horas.
A violência documentada vai desde os elefantes serem agredidos com ganchos e aguilhões de metal, e a serem espancados e agredidos na zona da cabeça; aos póneis serem chicoteados em todo o seu corpo e na face durante o treino, entre outros abusos que fazem com que vários animais reproduzam comportamentos perturbados e repetitivos.

Os elefantes eram vítimas de abuso físico perpetrado com um “gancho-aguilhão de elefantes”, sendo constantemente agredidos, assim forçados a formarem uma linha. Depois destas atuações, eles tinham direito a um exercício mínimo num espaço com cerca de 39 metros por 26.5 metros. Os elefantes não tinham acesso livre à água; em vez disso, era-lhes dada água em certos momentos.

Todos os elefantes do Circo Victor Hugo Cardinali reproduziam algum tipo de comportamento estereotípico. Em alguns momentos, todos os sete elefantes exibiam ao mesmo tempo este comportamento anormal. Mais uma vez, destacamos que estes movimentos repetitivos e sem sentido não são observados na natureza, de modo que, se sete elefantes num mesmo circo estão tão psicologicamente assustados e emocionalmente afetados de uma forma tão profunda, fica claro quão inapropriado é o ambiente dos circos para estes animais.

E era exatamente assim com os animais de todas as outras espécies que observámos. E ainda pior é o fato de que muitos animais nos circos nunca chegam a sair das suas jaulas e vagões de transporte para atuarem. Vários circos viajaram com animais que não atuaram. Foi o caso de dois macacos, um urso, um leão da montanha, um tigre e dois leões do Circo Roberto Cardinali e de seis tigres do Circo Victor Hugo Cardinali. Estes animais vivem em zoos móveis e completamente abaixo dos padrões mínimos aceitáveis.

Os tigres brancos do Circo Victor Hugo Cardinali desfilavam em espetáculos de circo sem qualquer grade a separá-los do público. No Circo Roberto Cardinali, as crianças podiam dar aos macacos garrafas de plástico, pão e pedaços de cartão. No Circo Victor Hugo Cardinali, não havia quaisquer sinais de aviso e o portão estava sempre aberto. Era possível a qualquer pessoa aproximar-se dos setes elefantes africanos, que estavam sem qualquer supervisão, cita o relatório, que pode ser lido na íntegra aqui.

Em outra ocasião, nove leões do circo Victor Hugo Cardinali, foram apreendidos pela Guarda Nacional Republicana - GNR, em Lisboa, por estes não terem registo ao abrigo da convenção sobre comércio internacional de animais selvagens – CITES.
images (10) - A Europa e os Circos

O lobby circense é tão forte na Europa, que o Parlamento Europeu fez uma proposta de resolução que reconheceria o circo como parte integrante da cultura da Europa. Ao mesmo tempo que a Diretiva 2010/63/UE do Parlamento Europeu, estabeleceu uma total proibição para a utilização de primatas superiores, como chimpanzés, gorilas e orangotangos, para fins científicos.

A Federação Mundial do Circo, tem como presidente honorária a Princesa de Mônaco – que há anos largou a realeza – pegou os filhos pequenos e foi viver no circo – o caso de amor coincidentemente foi com o dono do Circo Knie, que era domador de elefantes, e que colocou a filha da Princesa Stéphanie de Mônaco - Pauline aos 7 anos de idade, para atuar ao lado e em cima dos elefantes.

O Governo Português que tentou dar um passo para o fim dos circos com animais em Portugal, foi processado pela Associação Europeia de Circos, depois de a Comissão Europeia ter esclarecido que o uso de animais em circos era uma questão nacional.

As companhias de circo portuguesas que usam animais e a Associação Europeia de Circos – o lobby europeu dos circos com animais – anunciaram que iriam avançar com uma ação judicial, contra o Estado Português pelo fato do Governo ter decidido implementar legislação contra o uso de animais selvagens em circos.

A Associação Europeia de Circos alegou que a proibição implementada pelo Governo Português, assim como a proibição do uso de animais selvagens em circos implementada, em 2005, pelo Estado Austríaco, violam o artigo 49 do Tratado Europeu, no sentido em que, supostamente, estas normas violariam as regras do mercado livre e comum.

O único aparente avanço em Portugal foi a portaria publicada em Outubro de 2009, que proíbe a aquisição de novos animais, como elefantes, leões, macacos ou tigres, entre outros, e a reprodução dos que já existem nos circos. Por esta lógica, a lei apenas permite a exibição dos determinados animais existentes nos circos enquanto estes forem vivos.

A portaria 1226/2009, que “proíbe a detenção de espécimes vivos da família dos felídeos e não permite que se utilizem nestes espetáculos animais que tenham sido adquiridos ou reproduzidos após 90 dias da sua entrada em vigor em outubro de 2009”, parecia não ter validade no Circo Chen, que em 2011 foi denunciado pela venda das selfies entre criança e filhotes de tigres “com apenas alguns meses”, ilegalmente adquiridos e\ou reproduzidos.
Slide12 - O Circo no Brasil

A utilização de animais em circos já é proibida em onze estados brasileiros por constatações de maus-tratos, mas o Projeto de Lei para que a proibição seja ampliada para todo o país está há nove anos aguardando para ser aprovado. O PL 7291/2006, na forma de seu substitutivo (leia aqui), é a atual esperança para que os animais fiquem livres das torturas nos circos.

Os circenses hoje têm se organizado em algumas cooperativas, especialmente na região Sudeste. A maioria defende o uso de animais e de crianças trabalhando no picadeiro. A União Brasileira do Circo estima a existência de 2.500 circos e 30 mil artistas em todo o Brasil.

A Rede de Apoio ao Circo, tem sua base em Minas Gerais, e a Associação Brasileira de Circo (Abracirco), entidade nacional, foi fundada em 1977. Atualmente a Abracirco está empenhada em aprovar no Congresso a Lei do Circo para que a atividade circense seja regulamentada como um dos bens do patrimônio cultural brasileiro.

- O Tráfico de Animais iniciou-se nos Circos

Escondida por sob a lona dos circos, mora também o tráfico de animais que movimenta rios de dinheiro. Um dinheiro ‘livre’ de impostos em todo o mundo, usado para corromper governantes e legislações. “Agora também se tornou público que os responsáveis por este circo estão envolvidos com o tráfico de espécies exóticas e protegidas, o que demonstra mais uma vez a falta de sensibilidade que seus trabalhadores demonstram com os animais”.
O fato dos circos se locomoverem de uma cidade para outra cidade, de cruzarem estados e países, sem uma efetiva fiscalização - já que os animais não possuem um passaporte clínico interligado a um microchip, faz do circo a maior rota para o tráfico de animais que são além de serem obrigados a aprenderem truques para as apresentações, são também obrigados a procriarem entre membros da mesma família.
A Endogamia e a  Onicectomia (Ablação das Unhas), é prática comum nos animais utilizados para servirem ao entretenimento como o Leão Ariel.
Sem um passaporte clínico, a pouca legislação existente confere aos fiscais o poder de verificar papeis, sem levar em conta os indícios de que um animal, passa fome, sente dores, ou se teve filhotes recentemente e qual o paradeiro de filhotes que podem ser vendidos facilmente por milhões no mercado negro de animais.
Se até mesmo crianças humanas são traficadas pelos circos, como ignorar o tráfico de animais pelos mesmos.
Agua-para-Elefantes-12 - As Segundas Intenções e as Mensagens Subliminares
O site filmeb, descreve a produtora Renata Almeida Magalhães (esposa de Cacá Diegues), como sendo graduada em Direito e especializada em legislação de incentivo fiscal para cultura. Já a outra produtora Paula Lavigne, disse a revista Veja: "Virei uma prostituta cultural para fazer filme. Eu ofereço sociedade às empresas, mostro as possibilidades de retorno. É troca de interesses".


Cacá Diegues também protagonizou a maior polêmica sobre a concessão de patrocínio por empresas estatais, como a Petrobrás que financiou vários de seus filmes.

O verdadeiro conceito sobre mensagens subliminares têm sido muito mal interpretado pela maioria da população, as mensagens subliminares possuem um poder muito mais poderoso de influência pelo fato de fazer isso de maneira sutil, pela conivência como determinada coisa por mais absurda que seja, passa a ser normal e então passa a ser mais fácil aceitar tal coisa ou situação. Inserida em histórias e nos filmes, preenchendo o cenário sem destacar sua presença, mas para sempre perpetuada pelo cérebro.

O roteiro foi escrito em 2009 por Cacá Diegues com George Moura , é citado pelo cineasta como um "velho sonho". Sob o título de ‘O Grande Circo Místico’, apresenta uma resenha tão inocente quanto a história infantil da Cinderela – um mocinho rico e uma mocinha pobre que se apaixonam mas que não podem viver esse amor em decorrência de tudo e de todos que estão a sua volta. Uma história contada e recontada pelo cinema em clássicos que vão de ‘Casablanca’ de 1942, ao sucesso da trilogia ‘Crepúsculo’. E o motivo das pessoas não perceberem que estão assistindo sempre a mesma ‘história’, é a mensagem que é inserida por trás da ‘história’.

O melodrama revivido entre mocinhos e mocinhas, torna-se ínfimo no filme ‘Água para Elefantes’, no qual é impossível ficar indiferente a crueldade na qual os animais são submetidos. A mensagem subliminar repassada ao mundo, é a de que todos os circos com animais deveriam deixar de existir. Mensagem essa reforçada, após a comprovação documentada em vídeo de que - os elefantes usados no filme “Água para Elefantes”, foram verdadeiramente espancados e eletrocutados durante seu treinamento conforme divulgado pela ANDA.

Com o título ‘Hoje tem espetáculo’, Cacá Diegues, em sua coluna se declara ‘fascinado’ por circos - “O fascínio que eles exerciam sobre mim se reflete em meus filmes, nas referências de “Quando o carnaval chegar”, “Chuvas de verão” e “Tieta do Agreste”, além da homenagem de “Bye Bye Brasil” a uma daquelas caravanas nordestinas”. E acrescenta; ‘Sempre desconfiei da piedade escandalizada em relação aos animais de um circo. Eles têm casa, comida e roupa lavada, não precisam sair pela floresta correndo perigo e provocando a extinção dos outros, em busca de alimento. E, se por caso não se sentem satisfeitos, podem facilmente acabar com o domador e seus frágeis parceiros de espetáculo. A sobrevida dos circenses é a celebração dos animais.’

Mário de Andrade fez o seguinte comentário sobre o autor de ‘O Grande Circo Místico, "Jorge de Lima é um mundo de contradições por explicar e de dificuldades a resolver", e contradições não faltam na produção do novo filme de Cacá Diegues.

Em 1938 o poeta Jorge de Lima já denunciava a ineficácia das organizações mundiais na resolução dos conflitos: E nem o Sinédrio, nem os Conselhos, nem a Liga das Nações nada fizeram, nada resolveram, nada adiantaram. Diante de um mundo caduco, o poeta exclama: Estrangeiro, amigo, escrevamos para os nossos bisnetos fictícios, a história eterna do homem decaído e do mundo sem jeito.


“O circo ensina as crianças a rir da dignidade perdida dos animais”, a frase é Olegario Schmitt , Brasileiro, Poeta, Escritor, Fotógrafo, Editor e Web-Designer.

3 de fev. de 2015
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Comentário(s)

3 comentários:

  1. Lendo essa reportagem, fiquei refletindo como o ser dito "humano " é ignorante, não importa a nacionalidade. Pensar que em países ditos de primeiro mundo, há animais sendo usados, massacrados, humilhados em circo, já que se gabam tanto por serem europeus. Isso só mostra quanta a humanidade é insensível em qualquer parte do mundo.
    Mari Emilia

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  2. A melhor resposta é simplesmente não assistindo essa apologia ao mal, que dizem ser arte!

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  3. É muito abuso.Pobres animais.
    Protesto contra os maus tratos aos animais.
    Maria Nazaré Melo

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