17 de mai. de 2015

O Projeto de Lei nº 537/2013 que foi aprovado pelos vereadores da cidade de São Paulo no começo do mês, agora depende da aprovação do prefeito Fernando Haddad (@haddad_fernando #SancionePL537_2013).

 

A lei que “proíbe a produção e a comercialização de foie gras (patê de fígado gordo de ganso, iguaria típica da culinária francesa) e artigos de vestuário feitos com pele animal, além de poupar milhares de animais de um sofrimento desnecessário, vai ajudar a população da cidade a enfrentar a crise de água que piora a cada dia.

sancionapl537

De maneira geral, os produtos de origem animal são disparados os maiores gastadores de água, paralelamente ao esgotamento e a contaminação dos recursos hídricos.

O Foie gras é obtido pelo método conhecido como gavage, cerca de 1 quilo de pasta de cereais (diluído em água), é introduzido em poucos segundos no esôfago do ganso (ou pato) por um tubo. A refeição compulsória acontece duas ou três vezes ao dia, por até três semanas.

O fígado da ave praticamente explode, multiplicando-se 50 gramas para 700 gramas – daí o nome foie gras, que, em francês, significa “fígado gordo” (com a bolota, o fígado atinge 400 gramas), e que também significa que para a fabricação do foie gras, é necessário água para a plantação do milho ou outro cereal para fazer a pasta (só a produção de milho consome 900 litros de água por quilo), água para a pasta, água para os animais, água para limpar a gaiola dos animais, água para limpar os animais depois de mortos, e água para limpar todo o local da produção de foie-gras.

A indústria de peles não traz apenas a crueldade e o sofrimento dos animais, mas também gera uma grande destruição ambiental.

O couro bovino precisa de 16.600 litros de água por quilo produzido. O volume pode ser maior ou menor, depende de qual animal o couro é extraído. E a carne bovina consome 15.500 litros por quilo. Esse número é alto porque a quantidade de alimento (capim e/ou ração) que um rebanho consome não é proporcional ao seu ganho de peso. É sempre maior. O que significa que para cada quilo de carne, o animal consome 6,5 kg de grãos e 36 kg de pastagem e afins.

Para produzir esses alimentos, são utilizados 15.300 litros de água. Somados aos 155 litros de água que o boi bebe e consome em sua manutenção por quilo de carne produzido, chega-se à pegada de água do quilo de bife.

E a indústria do couro é também a mais poluente. Toda vez que você ler nos jornais que ocorre morte de peixes em algum rio, pode ter certeza que é causada pelos resíduos tóxicos dos curtumes da região. Não há interesse em se apontar os responsáveis, até porque todos são conhecidos.

Os produtos químicos vão para os rios, e o custo do tratamento dessa água é arcado por todos nós para que o pecuarista lucre, o industrial lucre, o designer lucre, o estilista lucre, o governo comemore a entrada de divisas, e nós além de pagarmos a conta ficamos sem a água.

Devido ao tratamento químico a que as peles de animais são submetidas para não apodreçam os casacos de pele criados, possuem um processo onde as substâncias químicas como o cromo, alumínio, titânio, zircónio, enxofre, e o cal,  são descartadas nas tubulações de esgoto, contaminando todos os afluentes de água da região, e que acabam contaminando os rios, já que não são biodegradáveis na natureza, e sendo que todos são altamente cancerígenos para o ser humano.

A quantia de energia elétrica utilizada para produzir um verdadeiro casaco de pele de peles animais é de aproximadamente 20 vezes mais do que precisariam utilizar para fabricar um casaco de peles sintéticas. O descarte das carcaças de animais é feito em valas comuns, e normalmente ocorre próximas a plantações e mananciais, que também causa a contaminação.

A sujeira fica para a maior parte da população, enquanto alguns poucos desfilem com seus casacos e outros produtos feitos com peles de animais. A isto, aqui, chamam de progresso: retirar a maior parte da água da população, e devolver uma água suja, para que os esnobes obtenham vantagens.

O Brasil exporta 8 milhões de toneladas de carne bovina anualmente, para produzir essa quantidade, são utilizados 128 bilhões de m³ de água, isto é 128 trilhões de litros. Esse volume inimaginável nos dá uma ideia do desperdício de água pela indústria da carne.

Na composição das carnes a água representa algo em torno de 75%, assim 8,25 milhões de toneladas de água, ou 8 bilhões e 250 milhões de litros d’água sairão do país este ano, com a exportação de carne. Essa quantidade representa valor muito maior do que o volume de água da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, que possui 6,55 milhões de toneladas de água, ou seja, 6 bilhões e 550 milhões de litros de água.

Entenda o que é Água virtual

É a quantidade de água gasta para produzir um bem, produto ou serviço. Ela está embutida no produto, não apenas no sentido visível, físico, mas também no sentido "virtual", considerando a água necessária aos processos produtivos.  É uma medida indireta dos recursos hídricos consumidos por um bem.

Por exemplo, para produtos primários como cereais e frutas, o cálculo da água virtual é relativamente simples: é a relação entre a quantidade total de água usada no cultivo e a produção obtida (m³/ton). Existem softwares que podem ser usados para este fim.

Quantificando a "água virtual" (litros de água por kg de alimento produzido )

Aves/Galinha - 2.800 a 4.500

Carne de Boi - 13.500 a 20.700

Carne de porco - 4.600 a 5.900

Milho - 450 a 1.600

Ovos - 2.700 a 4.700

Soja - 2.300 a 2.750

Trigo - 1.150 a 2.000

O termo "água virtual" foi introduzido em 1993 por Tony Allan. Ele expôs essa ideia durante quase uma década para obter reconhecimento da importância do tema, que envolve disciplinas de meio ambiente, engenharia de alimentos, engenharia de produção agrícola, comércio internacional e tantas outras áreas que se relacionam com a água.

É o caso do comércio agrícola, que promove uma gigantesca transferência de água de regiões onde ela se encontra de forma abundante e de baixo custo, para outras onde ela é escassa, cara e seu uso compete com outras prioridades.

A “água de exportação” – aquela que sai do lugar de origem porque faz parte do produto exportado – terá cada vez mais destaque e creio que futuramente seu valor deva ser agregado ao produto. Vale citar como exemplo a China, que importa cerca de 18 milhões de toneladas de soja por ano, a um custo de 3,5 milhões de dólares. Por esse caminho ingressam naquele país cerca de 45 milhões de m³ de água. Um recurso hídrico que a China não teria disponível para cultivar essa soja.

Outro exemplo que vale a pena citar é o das exportações de carne do Brasil. Em 2003, o país mandou para fora 1,3 milhão de toneladas de carne bovina, com uma receita cambial de 1,5 milhão de dólares. Por esse caminho, acabou exportando também 19,5 km³ de água virtual (19,5 bilhões de m³).

Dados recentes da UNESCO (3) dão conta que o comércio global movimenta um volume anual de água virtual da ordem de 1.000 a 1.340 km³, sendo; 67 % relacionados com o comércio de produtos agrícolas; 23 % relacionados com o comércio produtos animais; 10 % relacionados com produtos industriais.

No 3º Fórum Mundial da Água, o Brasil foi citado como o 10º exportador de água virtual.

CONSUMO CONSCIENTE
A partir da informação sobre a pegada de água de cada produto, é possível fazer escolhas de consumo com mais consciência.

Exigir que o prefeito Fernando Haddad sancione o Projeto de Lei 537/2013,  que vai ajudar a todos os paulistanos a combater a escassez de água, e a poupar milhares de animais do sofrimento e da crueldade.

Manifeste- se no twitter @haddad_fernando #SancionePL537_2013

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17 de mai. de 2015
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