8 de mai. de 2015

“Eles estão sofrendo, eles estão estressados, eu tenho 62 anos, visitei ‘N’ zoológicos em vários lugares do mundo, não foi só no Brasil, e nunca tive esse sentimento!

A afirmação consta em um dos vários depoimentos de pessoas que após pagarem ingresso para ver o casal de ursos polares Aurora e Peregrino, saíram indignadas do parque marinho. E além dos depoimentos, consta também no site do  Reclame Aqui diversas reclamações como o de uma família que diz ter sido humilhada pelos funcionários do aquário, seguidas de outras com várias outras formas de desrespeito ao consumidor.

 

ursos_polares_estressados

Os depoimentos foram coletados pela AILA - Aliança Internacional do Animal, e diversos outros ativistas, que tem organizado diversas manifestações em repúdio ao sofrimento e a exploração dos animais em frente ao aquário de São Paulo.

O objetivo  é esclarecer as pessoas para perceber as diferenças que podem ser vistas nos animais quando eles estão sendo preservados e quando estão sendo explorados para o entretenimento humano.

E diante da desistência de muitas famílias, que saíram da fila de ingressos, o Aquário de São Paulo optou por chamar a polícia, bem como seguranças particulares para tentar retirar os ativistas da rua, que é pública.

Mesmo após a comprovação de que a ursa polar Aurora nasceu livre na natureza, e não em cativeiro conforme divulgado na imprensa – e que ela e Peregrino não moravam e nem vieram da cidade de Kazan,  o programa ‘Okay Pessoal’, durante sua  visita ao aquário, além de repetir as falácias já publicadas anteriormente na imprensa sobre esses ursos polares, ousou mandar um recado aos ambientalistas.

Durante  a conversa com Anael Fahel dono do parque de diversões, o jornalista Otavio Mesquita diz:

“Muita gente começou a meio que criticar essa atitude de trazer pra cá, eu quero dizer para vocês  que esses animais sempre foram criados na Rússia e estavam muito mal instalados , não é isso…

Anael Fahel responde: “No caso dos ursos, é as acomodações que eles tinham lá na cidade de Kazan eram eram vamos dizer assim adequadas para eles, eram muito pequeno…

-Eles viviam muito muito mal, diz Otávio Mesquita.

E Anael explica: “Era muito pequeno  o recinto deles, nós temos uma parceria com o zoológico de Kazan, e eles mandaram esse casal pra gente para fazer um projeto de reprodução e conservação…

-E lá não conseguiam, afirma Otávio Mesquita.

E Anael responde:" “Lá não conseguiam. Aqui já chegaram tem quatro meses estão aqui com a gente e dois meses depois já estavam namorando”.

E então Otávio Mesquita diz: “Ou seja eu queria deixar claro para os ambientalistas, que eu também sou a favor de bichos na natureza, mas tem alguns bichos que já estavam em condições precárias, então a função sua (se referindo a Anael Fahel), que eu acho bacana, foi tirar esses bichos de uma condição ruim e dar uma condição melhor de vida,

No transcorrer desse diálogo entre Otávio Mesquita e Anael Fahel, é introduzido um vídeo que mostra o minúsculo recinto do zoo de Kazan, e nele aparecem dois ursos que daria a entender ao telespectador que seria Aurora e Peregrino.

No entanto o vídeo divulgado durante o diálogo, encontra-se no youtube desde 16 de Julho de 2013, e está sendo usado para justificar o motivo do porque o casal de ursos polares teria sido trazido para o Brasil.

Entenda o caso

Aurora e sua irmã nasceram livres na natureza, e acabaram sendo encaminhadas a um zoológico no ano de 2010, depois que sua mãe foi morta por caçadores de ursos polares. Um ano depois foi separada de sua irmã, e enviada para o zoo Udmurtia na cidade de Izhevsh na Rússia, onde conheceu o urso polar Peregrino.

Peregrino nasceu em 07/11/2009, e seu pai Permjak com apenas 11 anos de idade, morreu ‘misteriosamente’ 19 dias após seu nascimento. 

Para que o programa de reprodução do zoo de Kazan, continuasse a todo vapor, Peregrino foi precocemente retirado dos braços de sua mãe antes de desmamar, e levado embora para morar em outra cidade, em outro zoo e sozinho, para que seu avó Yukon que também havia nascido no meio selvagem, e que estava em outro zoo, foi trazido de onde morava para copular com a mãe do urso Peregrino.

O filhote que aparece no vídeo durante a reportagem de Otávio Mesquita  é Yumka, a meia-irmã de Peregrino que é filha de seu avó com sua mãe, e que nasceu em 2012,  e tal como Peregrino e seus outros dois irmãos, foi retirada dos braços de sua mãe muito antes de desmamar completamente - como acontece na natureza. E é dessa forma entre mães, avôs, irmãs, tios que os ‘especialistas’ praticam seus ‘projetos de procriação de animais’, e apesar de dizerem que é para ‘preservar’ – não preservam as necessidades básicas do filhote e das mães, rompendo o vínculo da forma que melhor lhes convém.

E esse é também um dos muitos fatos que desmente o dialogo que cita que o zoológico de Kazan não consegue reproduzir ursos polares, já que mãe de Peregrino já teve quatro filhotes.

Peregrino e Aurora se conheceram no zoo Udmurtia, em dezembro de 2011, e ali viviam em um amplo recinto com uma piscina de 500 m³ cúbicos de água, onde como na natureza, usufruíam do sol no verão e da neve no inverno. Em Novembro de 2013, o zoo anunciou que Aurora poderia estar grávida e anunciou que faria uma festa de casamento para os ursos polares (vídeo), e que o público estava convidado a participar de uma gincana para ver quem acertaria o sexo do futuro bebê.

É triste ver as pessoas serem induzidas a comemorarem – a separação de um casal que realmente só tem um ao outro em todo o mundo. Se comprovado que a ursa polar Aurora possa estar grávida, significaria na prática o ‘sumiço’ de Peregrino, já que ele teria que se separar de Aurora, o único outro animal de sua espécie com que ele se relaciona há 4 anos, e passaria a viver ou enjaulado na área de cambeamento, ou seria transferido para um outro zoológico.

É que o instinto de sobrevivência dos ursos polares, faz com que as fêmeas se afastem dos machos na gravidez e quando dão a luz. Depois do nascimento as fêmeas se dedicam a cuidar do filhotes até os 3/4 anos de idade. Isso porque como elas não dão mais atenção aos machos, eles se voltam contra os filhotes – eliminando-os – para que as fêmeas voltem a se interessar pelos machos

Uma vez que tais alegações televisivas visam somente a induzir as pessoas “a visitarem o casal de ursos polares que ‘supostamente’ viviam em condições precárias no zoológico de Kazan, e que agora estão no Brasil”, e que diversos jornalistas não estão cumprindo com os Princípios Internacionais de Ética Profissional, que cita que a tarefa primeira do jornalista é garantir o direito das pessoas à informação verdadeira e autêntica, tais reportagens poderiam muito bem serem qualificadas como publicidade enganosa.

O fato de que as manifestações dos defensores de animais, que visam esclarecer e conscientizar a população da veracidade da situação em que vieram e como estão sendo sendo tratados os ursos polares, e que estão sendo tratados com total desdém, é óbvio depois de ler uma das reclamações redigidas no site do Reclame Aqui, abaixo transcrita;

Aquário de São Paulo - TRATAM CLIENTE COM TOTAL HUMILHAÇÃO (São Paulo - SP Domingo, 26 de Abril de 2015 - 05:01)

Sábado, dia 25 de Abril, fui com a família conhecer o Aquário de São Paulo e fomos confundidos com manifestantes ambientalistas, fomos injustamente mau tratados e expulsos pelo representante do Aquário de São Paulo. Fui visitar o Aquário de São Paulo com meus 3 filhos de 12, 10 e 5 anos de idade e meu marido. Somos dois doutores formados pela USP, eu sou brasileira e meu marido e filhos são alemães.

Sou psicóloga e meu marido é analista financeiro, conceituado na sociedade paulista.

Quando chegamos, havia um protesto de uma ONG alegando as más condições que se encontram os animais no Aquário.

Havia cerca de 10 viaturas de polícia na porta e eu fiquei preocupada com a segurança por causa das crianças. Perguntei ao policial se estava tudo calmo, ele nos garantiu que estava seguro. Achei a oportunidade ótima para que as crianças aprendessem que há entidades não governamentais que defendem o direito de minorias, inclusive os animais e levamos eles para o outro lado da rua para perguntar aos manifestantes porque estavam ali.

Os ambientalistas disseram que queriam protestar pelas mas condições ambientais em que dois ursos polares eram mantidos no Aquário, sem nenhuma iluminação natural e em local feito de material sintético, com alimentos impróprios e temperatura inadequada. Então disse às crianças que deveriam entrar assim mesmo e ver com nossos próprios olhos como os animais eram mantidos.

Durante o nosso percurso, fomos abordados pelos funcionários do Aquário que nos mandaram sair dizendo que nós éramos manifestante e que não poderíamos permanecer no local. Mandaram eu, três crianças de 12, 10 e 5 anos e meu marido sairmos, fomos escoltados pelo pessoal do aquário e humilhados publicamente por essa gente, cujo chefe era um cidadão, não brasileiro, de língua castelhano (supostamente argentino).

Fomos literalmente jogados na sarjeta, e não podemos terminar nosso passeio. O que deveria ter sido uma tarde feliz acabou miseravelmente. Foi triste ser tratada em meu próprio país, como pessoa não querida, inconveniente e indesejável.

Sou cidadã de bem, mãe e profissional qualificada. Nunca fiz manifestações de qualquer tipo na minha vida, pois acho que elas não trazem um retorno positivo. Nosso país está virando uma terra de ninguém.

Que conste aqui, o preço da nossa visita vip ao Aquário de São Paulo foi de R$240,00, isso para ver um monte de animal em péssimas condições, sem iluminação solar, e claramente tristes. Nunca mais vou a esse estabelecimento e não indico para ninguém.

Apesar do nome o Aquário de São Paulo, nada mais é do que um parque de diversões, um prestador de serviços de entretenimento, e conforme a Fundação Procon – todo aquele que mente sobre produtos ou serviços ou deixa de dar informações básicas ao consumidor, levando-o ao erro, na televisão, no rádio, nos jornais, em revistas, na internet, está praticando a propaganda enganosa.

E ela está sendo disseminada na forma comissiva: "de falsificação ou distorção de informações" (aquele que veicular publicidade enganosa estará descumprindo a proibição prevista no artigo 37 do Código Direito Cível), cometendo assim um ato ilícito, não importando se quem veiculou a publicidade enganosa teve culpa ou dolo, e sim apenas com a proibição do resultado, que consiste em evitar que a publicidade induza o consumidor a ter uma falsa noção da realidade. Ou seja, para que o ilícito seja caracterizado basta que a publicidade seja falsa, omitindo dados substanciais e levando ao consumidor ao erro, pouco importando assim a culpa ou dolo de quem veiculou a tal publicidade).

Essa seria uma forma eficiente para que os defensores dos animais, ocupassem na Tv, nos jornais e nas revistas, o mesmo espaço que foi dado as falácias contadas anteriormente sobre o casal de ursos polares Aurora e Peregrino, bem como levar os fatos até a Comissão de Proteção e Defesa Animal da OAB/SP  (protecao.defesaanimal@oabsp.org.br), a Rua Anchieta, 35, no Centro de São Paulo / SP.

No depoimento dado a AILA, onde a senhora de 62 anos diz; “Eles estão sofrendo, eles estão estressados”, ela também diz;

- Quero dizer da importância de vocês estarem aqui! Parabéns pelo trabalho de vocês, eu sei que é difícil, mas vocês vão chegar lá!

Para participar das próximas manifestações em frente ao Aquário, acompanhe as publicações na página da AILA no facebook, clicando aqui.

Fonte: Urso Polar Aquário

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8 de mai. de 2015
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