9 de out. de 2013

Surgem em tempos de lutas sociais, com representantes de vários segmentos da sociedade, os “protetores” de animais. Pessoas que além de salvarem cães, gatos, cavalos e outros animais, lutam pelo seu direito a uma vida digna e contra os maus tratos que sofrem na convivência com os seres humanos.

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Mas, afinal, quem são essas pessoas que dedicam seu tempo, grande parte de sua renda e  muito afeto para resgatarem animais abandonados e maltratados por uma sociedade em que a maioria das pessoas é indiferente a tal crueldade? Quem são esses indivíduos que nada se importam se terão alguma recompensa material depois de tanto trabalho, empenho e sacrifício? Serão pessoas que precisam ocupar o tempo por tê-lo ocioso ou apenas estariam sem saber o que fazer com seu saldo positivo no banco?

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O número de pessoas dedicando-se à “causa animal” está aumentando. Que movimento é esse que toma conta do Brasil e de outros vários países pelo mundo? São pessoas que se unem por um motivador subjetivo, algo que faz com que o pensamento capitalista seja deixado para segundo plano e seu tempo passe a não valer mais dinheiro e sim o número de vidas inocentes que são resgatadas por dia. Isso não seria tão diferente dos casos em que pessoas se dedicam a minorias sofridas se as vítimas não fossem seres considerados tão inferiores e, para muitos, insignificantes. Ah! E com um agravante: os sacrificados não podem levantar seu clamor pelos seus direitos.

A mídia brasileira já percebeu que algo está acontecendo, mas até agora, não sabe bem de onde vem a fumaça. Algumas emissoras de televisão, algumas revistas e jornais noticiam de maneira superficial a tragédia em que vivem os animais abandonados e mostram algumas pessoas envolvidas na luta para diminuir o problema. Teimam em passar a ideia de que as referidas iniciativas sejam resultado de uma vida excêntrica ou consequência de distúrbios emocionais causados pela solidão ou pela senilidade. Entretanto, quem serão os “esquisitos” realmente? Se “normais” são os que se sentem absolutamente nada responsáveis e se resguardam o máximo direito de sequer compadecerem-se do sofrimento que está escancarado pelas esquinas desse país, a palavra “misericórdia”, que em alguns dicionários aparece como sinônimo de “amor”, deveria ser excluída do léxico da língua portuguesa/brasileira. Porém, a questão é mais complexa. Passa pela cultura, pela filosofia e crenças de um povo.

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Torna-se ainda mais misteriosa a natureza desses valentes, quando fica clara sua vida cotidiana tão semelhante a daqueles que nada fazem pelos animais nos quais tropeça todos os dias pelas ruas. São pessoas que trabalham, mulheres e homens que têm horários, afazeres comuns e enfrentam a correria do dia a dia naturalmente. Todavia, encontram um jeito de esticar as 24 horas e encaixarem uma tarefa árdua, sofrida e muitas vezes com um final triste e dramático. Porque não é sempre que um animal resgatado sobrevive. Mesmo depois do socorro, dos cuidados veterinários, há aqueles que sucumbem, para os quais todo esforço não foi suficiente. Animais que já estão há muito tempo nas ruas, sem alimento, doentes e sofrendo maus tratos, muitas vezes são resgatados apenas para morrerem em situação mais digna. No entanto, ao contrário do que poderia se esperar, o “protetor” não julga ter perdido tempo. Ele lamenta, chora por ter perdido uma vida.

Assim também, há outro grande desafio para esses heróis marginalizados, vistos como insanos pela parte alienada da sociedade, que é bancar financeiramente uma quantidade enorme de despesas com transporte dos resgatados, atendimento veterinário, medicamentos, Lts (lares temporários) e outros contra tempos que geralmente ocorrem.

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É dessa forma que o trabalho se torna ainda mais interessante, pois em consequência dessa necessidade, as pessoas envolvidas na “causa” unem-se, apoiam-se, passam a fazer parte de uma grande família. Os sites de relacionamento propiciam essa interação e, cada vez mais, servem como sala de reunião para esse grupo de pessoas que, a despeito da falta de apoio das autoridades governamentais, abraçaram um problema que tem se tornado de calamidade pública em algumas cidades.

Se formos esperar que a história siga seu curso, resta saber de onde virá a Princesa Isabel, a Redentora, que virá abolir a situação triste, submissa e humilhante em que vivem nossos irmãos, chamados pela sábia ciência desavisada de “irracionais”.

Em 1986, a atriz francesa Brigitte Bardot fundou uma instituição em defesa dos animais. A atriz declarou: – “Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças ou idosos. Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender.”

Vêm da mesma casta os “protetores” anônimos para o mundo das celebridades. Comungam da mesma convicção de que somos todos iguais, habitantes do mesmo planeta onde convivem fortes e fracos e no qual a luta pela justiça tem sido causa de batalhas do passado, presente e sem data para terminar.

Rose Mussi

Fonte: Bichos Blog

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9 de out. de 2013
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