13 de jan. de 2014
Alguns o chamam de "Huachi" ou "Huachito", e outros de "Hachi", lembrando o cachorro japonês que ficou na estação de trem esperando para encontrar seu melhor amigo...
Assim que seu dono morreu, o "Hachi" boliviano não parava de chorar na esquina do acidente e uivava e latia desesperadamente cada vez que passava uma motocicleta pelo lugar, pensando que se tratava de seu dono, conta Román Bilbao.
"Faz cinco anos que seu dono morreu em um acidente de moto. O cachorro vinha atrás e ficou aqui desde então", diz à Agência EFE Román Bilbao Luján, proprietário de um açougue a poucos metros do lugar em que "Hachi" perdeu o dono.
O dono do cachorro era um universitário que todos os dias fazia esse caminho de moto acompanhado pelo cão, até que um dia o rapaz foi atropelado por um táxi e morreu quando era levado ao hospital, contou a jornaleira Aida Miranda, que trabalha no local, ao jornal "Opinión".
Desde então, "Hachi" fez da avenida Papa Paulo seu lar e uiva na esquina onde ocorreu o acidente que lhe tirou o dono, disse à Agência EFE Elizabeth Martha García, que ajuda na venda de periódicos a Miranda. "Ele anda de esquina a esquina e volta para onde seu dono morreu. Vai caminhando, para em uma esquina e uiva quando vê o lugar onde seu dono morreu", acrescenta Elizabeth.
Assim como os usuários da estação de Shibuya começaram a alimentar e cuidar diariamente de "Hachiko", o cão boliviano também despertou a compaixão e a solidariedade na avenida Papa Paulo, onde as pessoas passaram a lhe dar carinho.
O cachorro sabe que tem café da manhã garantido com Bilbao, cuja loja funciona há 18 anos na avenida Papa Paulo. Assim, a jornada de "Hachi" começa entre 6h30 e 7h na porta do estabelecimento de Bilbao, que o aguarda com pescoços de galinha e água.
"Hachi" pega um dos "presentes" e volta para sua esquina para comê-lo; depois caminha um pouco e no meio da manhã vai para um pequeno restaurante ou à loja vizinha, onde sabe que poderá receber algo para o almoço.
À noite, consegue alimento em uma churrascaria, onde o cachorro de olhar melancólico também recebe abrigo ocasional para passar a noite.
Várias pessoas tentaram adotar o cão, e até os parentes de seu antigo dono o levaram para casa, do outro lado da cidade. Aparentemente, no entanto, a saudade de "Hachi" é maior, por isso ele sempre consegue fugir para voltar à sua esquina a esperar que seu dono volte a passar por ali de moto, como nos velhos tempos.
Mas o certo é que o cachorro de pelagem de cor café comoveu os moradores e comerciantes da avenida Papa Paulo, na região nordeste de Cochabamba, que o alimentam. A cidade na Bolívia, é testemunha da lição de lealdade e perseverança desse cachorro vira-lata que há cinco anos espera reencontrar seu melhor amigo.
Fonte: Diario Popular