7 de ago. de 2014
“O Brasil é o país que terá coragem para liderar o diálogo sobre o uso de animais em experimentações científicas”.
A afirmação é do neurocientista Philip Low, feita no III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal, realizado em Curitiba; segundo a qual há evidências científicas (Declaração de Cambridge), suficientes para garantir que, assim como os seres humanos, os animais também possuem consciência. O pesquisador citou o episódio do resgates dos cães beagles, ratos e coelhos do Instituto Royal ano passado.
Para uma platéia que lotou o auditório do III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal, realizado entre hoje e quinta-feira (7) em Curitiba, Low disse acreditar que o caso dos beagles foi importante porque fez o país acordar para a discussão. “Eu teria feito diferente. Ao invés de sair quebrando as coisas, eles (os ativistas) deveriam lutar para mudar as leis para que os cientistas tenham novos desafios”, afirmou o cientista em entrevista ao CFMV. Ele se refere, por exemplo, à adoção de tecnologias não invasivas já existentes no mercado.
Low, que trabalha no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) nos Estados Unidos, disse ver o Brasil como um país aberto ao diálogo. “Vim da Califórnia por acreditar que algo muito importante está acontecendo neste país. Acho que a maior parte dos cientistas quer ajudar. Se as leis permitirem que eles usem ferramentas diferentes, eles usarão”, opina.
O neurocientista afirma que, embora tenha sido de muita utilidade, a experimentação animal apresenta diversas limitações. “Ela é feita por pessoas que querem ajudar a sociedade. Mas, por outro lado, há a a indústria de alimentos que mata animais sem nenhuma razão”, afirma. “O primeiro passo é fazer com que as pesquisas com os animais melhorem para que eles não sejam submetidos a sofrimentos. Acredito que, se fizermos os sacrifícios e os investimentos corretos, a experimentação animal poderá ser muito mais focada, limitada e ética”, avalia..
Com o rascunho original escrito a mão, Phip Low leu para o público presente a Declaração de Cambridge, manifesto publicado em 7 de julho de 2012 e assinado por outros 25 pesquisados de renome. O documento aponta evidências científicas suficientes para garantir que, assim como os seres humanos, os animais, como as aves, os mamíferos e certos invertebrados também possuem consciência.
Presente na palestra, o integrante da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal (Cebea), do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), e professor da Universidade Federal de Pernambuco, o médico veterinário e PhD dr. Marcelo Teixeira afirma que Declaração de Cambridge é baseada em fatos irrefutáveis. “Ela não é baseada em teorias ou filosofias. A Declaração é ciência. E se a ciência mostra que há uma relação direta de similaridade entre a reação dos seres humanos e dos animais, isso tem que ser levado em consideração”, finaliza. As informações são da Assessoria de Comunicação do CFMV.