12 de ago. de 2014
E porque será que esses pássaros dançam! A dança é uma das estratégias que os tangarás usam para atrair suas parceiras para reprodução.
Os tangarás são aves que vivem nas florestas das regiões quentes da América Latina. Na verdade, o nome serve para descrever não uma, mas cerca de 52 espécies diferentes. No Brasil, elas ocorrem na Mata Atlântica, no Cerrado e na Amazônia, cujas florestas abrigam o maior número de espécies do país – um total de 25 conhecidas até agora.
Tangará vem do guarani “tankara”, que significa dançar. Não foi a toa, portanto, que os índios brasileiros usaram esse nome para batizar um pássaro com comportamento curioso.
Saltos e passos
Os machos adultos de tangarás capricham na dança para aumentar o número de parceiras com as quais irão ter filhotes. Eles dançam para as fêmeas, exibindo suas cores durante saltos e passos – para o lado, para traz, abrindo as asas, abaixando a cabeça, apontando a cabeça para cima, entre outros. Esse comportamento é conhecido como corte nupcial.
Dependendo da espécie, a corte pode ser solitária ou em grupo. Quando em grupo, pode ser coordenada entre dançarinos. Em algumas espécies, os machos se reúnem para dançar, ficando a cerca de um metro de seu vizinho mais próximo. Em outras, os machos defendem territórios fixos e neles dançam para as fêmeas que os visitam, estando em contato apenas auditivo com seus vizinhos.
Machos jovens também podem visitar os territórios de corte. Ali, observam e aprendem a fazer os saltos e passos que lhes serão úteis no futuro. Muitas vezes, eles até participam da dança, compartilhando o palco com os adultos.
Com que roupa eu vou?
Mas não basta ser um bom dançarino para atrair uma fêmea de tangará, é preciso também “se vestir bem”. Hoje, acredita-se que os adornos das penas dos machos adultos sejam resultado da preferência de parceiras reprodutivas por essas características. Entre as “jóias” que eles vestem estão penas na cauda que parecem arames e ornamentos de penas em forma de chifres.
A dança, em muitos casos, é complementada com sons mecânicos, que são sons não produzidos vocalmente. Essa percussão, ou estralado, pode ser resultado da batida de uma pena contra a outra ou ainda da batida das asas com o corpo do indivíduo. Ou seja, o tangará é um verdadeiro artista da floresta!
*Marina Anciães é bióloga do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Este é um trecho do texto produzido por ela para a primeira edição do programa Verde Perto, realizado pelo Musa.